
Tendes tu, as garras de uma harpia que insandecida deseja retalhar minhas carnes até o mais fundo do meu desespero e das camadas do meu epitélio que se rasga com seda cortada pelo mais hábil dos artesãos.
Terá a minha pele, Fêmea Imensurável, em tuas unhas a mesma nobreza do seda na tesoura do artífice? Ou será apenas carne que se marque sem piedade mas sim entre as gargalhadas em expressão de teu júbilo que só é pleno ao ouvir-me gritar?
Bem sei, não queres que minhas mãos indignas toquem tua pele branca e teus cabelos na cor dos trigais para que não te macule com minha presença impura.
Sim, és a Dona, que não poupa seu arremedo de ser que se contorce em voluptosas contorções, atado pelas mãos, manietado com rigor.
- Chega! - dizes, ciosa e temente de minha respiração funda, de minha pele marcada. Esbofeteia-me e eu te suplico, no mesmo volume nos quais meus gritos enchem o ar que não pare, que me conduza até o paroxismo que só a dor intensa pode provocar.
Ries, como não poderia rir-te da ousadia?? Quem és tu - e bem perguntas - para ousar dizer o que devo fazer ou deixar de fazer?
Largas-me atado, pele sangrante de teus vôos de mitológica ave, minhas costas, fígado de um Prometeu jamais remido e uma tortura do abandono recém dado. Olhas para mim e rasga-me em seu desprezo e para que exerça mais o seu poder, desata-me, jogas-me aos seus pés, cuida de minhas feridas com sal para que eu grite enlouquecido no amor sagrado que subjuga o maior e , sem diminuí-lo, engrandece quem consegue tal fato.
E tu consegues, Imensa Fêmea, com olhos doces e expressão leve. Brincas com que te pertence, sem pudores, sem limites, livre , maiúscula.
A dor não me aniquila, me engrandece e me fez cada fez mais teu, Dona!

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Terá a minha pele, Fêmea Imensurável, em tuas unhas a mesma nobreza do seda na tesoura do artífice? Ou será apenas carne que se marque sem piedade mas sim entre as gargalhadas em expressão de teu júbilo que só é pleno ao ouvir-me gritar?
Bem sei, não queres que minhas mãos indignas toquem tua pele branca e teus cabelos na cor dos trigais para que não te macule com minha presença impura.
Sim, és a Dona, que não poupa seu arremedo de ser que se contorce em voluptosas contorções, atado pelas mãos, manietado com rigor.
- Chega! - dizes, ciosa e temente de minha respiração funda, de minha pele marcada. Esbofeteia-me e eu te suplico, no mesmo volume nos quais meus gritos enchem o ar que não pare, que me conduza até o paroxismo que só a dor intensa pode provocar.
Ries, como não poderia rir-te da ousadia?? Quem és tu - e bem perguntas - para ousar dizer o que devo fazer ou deixar de fazer?
Largas-me atado, pele sangrante de teus vôos de mitológica ave, minhas costas, fígado de um Prometeu jamais remido e uma tortura do abandono recém dado. Olhas para mim e rasga-me em seu desprezo e para que exerça mais o seu poder, desata-me, jogas-me aos seus pés, cuida de minhas feridas com sal para que eu grite enlouquecido no amor sagrado que subjuga o maior e , sem diminuí-lo, engrandece quem consegue tal fato.
E tu consegues, Imensa Fêmea, com olhos doces e expressão leve. Brincas com que te pertence, sem pudores, sem limites, livre , maiúscula.
A dor não me aniquila, me engrandece e me fez cada fez mais teu, Dona!
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Janus, o oque vc escreveu aqui é tão profundo e de uma intensidade tão grande, que ao ler eu fiquei por um instante imóvel, respiração presa, impactada pela força das emoções expostas.
ResponderExcluirNão sei mais oque lhe dizer. Não agora. Eu sou assim mesmo, toda sensação. Precido de um tempo prá racionalizar e colocar em palavras.
Beijos,
lilica{D.E.}
É dificil explicar os sentimentos de quem se entrega verdadeiramente.
ResponderExcluirPor vezes, tento, mais palavras me escapam, ja que tão intensa é a minha entrega, a fomra como faço e quero fazer isso cada vez mais, que me perco na imensidão dela.
Voce conseguiu reunir algumas das muitas sensações, emoções e pensamentos que eu sinto e tenho vivenciado junto ao meu Dono, nestes dois anos de relação, aqui, neste texto delicioso de se ler.
Parabéns pra voce e pra sua Dona.
Estou seguindo-o com prazer e para meu deleite.
Beijos carinhosos,
ÍsisdoJun
Prezada lilica.
ResponderExcluirSei o que vc quer dizer, perfeitamente. Como vc sabe, sou um "militante" do sentir, portanto, não preocupe-se em falar mas sim em ter dentro de si tudo o que esse texto possa ter te causado!
Beijos respeitosos e saudações ao seu Senhor
Prezada ÍsisdoJun...
ResponderExcluirFico feliz em ter conseguido expressar algo com que vc possa ter se identificado...
Espero que no futuro, em servindo, possa propiciar à minha Dona toda a intensidade do que é possível sentir.
Beijos respeitosos e saudações ao seu Senhor.
Quando me descobri no BDSM, na década de 90, julgava (que absurdo) que os switchers eram pessoas em cima do muro. Ledo engano, na verdade são mais corajosos, quiçá mais autênticos.
ResponderExcluirCom o tempo, descobri que os switchers se dão o direito de expressar livremente dos dois lados do chicote. Se permitem, sem preconceitos. Lá no fundo, penso que todos nós somos switchers, alguns com mais dotes para um lado, outros menos.
Te desejo uma ótima sexta-feira, Senhor.
Doces besos!
Sabe, Amar, somos acostumados a fazer dos papéis bem definidos um lugar de segurança, temos o hábito de classificar "para saber com quem lidamos".
ResponderExcluirNa verdade, como vc bem disse, tudo é questão de permitir-se e não são todos que têm disposição e/ou vontade.
Para mim, que já vivia isso na minha sexualidade, viver no BDSM não foi tão fácil, confesso mas da consciência que a minha sexualidade é meu espaço de liberdade, as coisas ficaram mais fáceis.
Beijos respeitosos e saudações ao seu Senhor!