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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Pensata (Janus SW)

Ouso pensar, por isso estou sendo punida.


A frase escrita em letras garrafais em um pedaço de papel pousado na mesa à sua frente traía os seus sentimentos mais profundos. Jamais, por mais que lhe pudessem ordenar, conseguia anular o sentimento que algo,em seu íntimo, fazia atenuar os laços mais intensos que a mantinha agrilhoada ao seu Senhor.
Em suas costas, nádegas, seios, ainda eram sensíveis a forte presença dos símbolos das torturas que lhe eram as mais caras. Hoje, todas elas, servem como uma advertência cruel sobre o seu próprio estado de espírito, sobre uma solidão acompanhada que não lhe convinha, o esquecimento da profundidade da relação mulher/submissa e possuída/dominada.
Custava a aceitar, de certo não aceitaria, ser um brinquedo inerte nas mãos de alguém. Sim, era um brinquedo, jamais dizia não, até agora. Se conseguisse seguir dizendo apenas sim qual o valor daquela que não se conquista, não se atrai como a mosca para uma teia onde, presa, aí sim, servia para o que lhe fosse destinado? O que não diz nada , não é nada e, portanto, não cria laços, não os sustenta, morre como uma planta sem água e adubo.


Ouso pensar, por isso estou sendo punida por meu senso de decência e dever


A primeira parte escrita em preto, a segundo, principalmente a declaração de senso, em vermelho, sublinhado em igual cor e com significado que a fazia sentir-se tonta e admirada consigo mesmo. Havia uma tortura que sofrera que doía mais do que as marcas do corpo: perguntara-se o "porquê" . Porque propor-se à ajoelhar corpo e alma ante a um homem? Porque permitir-lhe , ilimitadamente, domínio irrestrito do seu corpo como se pudesse supor que a vida concedida não merecesse respeito e tanta devoção como ela mesma concedia à Ele?
Não fora tomada por 30 dinheiros como em um mercado da antiguidade onde seres humanos eram vendidos como qualquer outro "produto" disponível. Fora tomada, isso sim, pelo quanto aquele intenso sentimento de superioridade que O fazia tão maior ante aos seus olhos que, por mais que tentasse, não conseguiria reagir, manietada pelo intenso sentimento de subordinação, de dominação, da violenta força que emanava em magnetismo irresistível.
No entanto, tudo isso fora amenizado durante o transcurso da vida em comum, não por falhas de caráter mas por não entender o mecanismo sutil de sua alma e de seu coração. Não que BDSM possa ser comparado com a vida baunilha mas parecia-lhe que jamais poderia se anular o ser humano que estava na pele de quem servia. Não haveria de apenas conceder, deveria ser tomada e, sendo tomada, entregar o que já não lhe pertencia por direito. Não havia outra hipótese, não havia outra maneira, não há outra dominação senão aquela que é obtida à custo do poder que transborda no íntimo de cada um, repetia essa frase para si mesma convencida de que não haveria outro motivo, não poderia existir outra qualidade senão a do eterno conquistador.
Quando procurava, em seu íntimo, essa qualidade, que o mundo dialogasse com ela, havia apenas um eco que dominava todo o espaço de si: silêncio.

Ouso pensar, por isso estou sendo punida por meu senso de decência e dever, na obrigação quase absoluta que me coloco em devolver-Lhe...

A surda objeção que sempre a tomava em momento de decisões extremas. Porque ela? Porque Ele não conseguia ler em seus olhos, mais do que em sua voz, o cruel desenlace das justificadas objeções? Porque não parecia óbvio que por mais que se submetesse jamais deixaria de ser a mulher que sempre fora antes de ser submetida? O laço do caçador jamais deve afrouxar-se, jamais deve ser retirado mas sim reafirmado em cada momento, não apenas pelas palavras, pobres palavras mas por gestos e atitudes.
Sim, por mais que pudesse negar e parecer conveniente ao Dominador, tinha sim suas necessidades , suas expectativas e, quase um sacrilégio, tinha suas vontades que deveriam convergir para a única vontade de servir mas, nem ao menos isso, era uma decisão unilateral mas, novamente, era fruto daquilo que lhe era tomado. Tomar da fonte da submissão torna-se apenas provar da água vinda das profundezas da terra, de algo infinitamente maior do que qualquer outra coisa e com isso constituía-se o vínculo complexo. Teria interesse nisso? Em algum momento não a tomaria apenas como algo que fosse dado por si? Mais uma vez, não via assim.

Ouso pensar, por isso estou sendo punida por meu senso de decência e dever, na obrigação quase absoluta que me coloco em devolver-Lhe a coleira que me honrou até o momento.

Ele não entenderia, tinha absoluta certeza disso e, de sua parte, lhe convinha apenas explicar o indispensável. Não sentir-se tomada era mais do que podia suportar e tinha claro isso. Talvez desejasse não pensar tanto como fazia e tinha plena convicção que a ignorância era a chave da felicidade mas, convinha perguntar: até que momento deveria ignorar-se? Seria o "verme" que muitos diziam? De forma alguma, submetia-se por ser inteiramente devotada, não por não ser absolutamente nada e, por isso, era dona do seu ser e posse de outro. Quanto não mais era possuída, deixava de ter sentido submeter-se, nada fazia sentido. A mulher dentro de si optara por obdecer o macho ou a fêmea que lhe fizesse sentido, integralmente. Não era o caso, não era o momento, não haveria momento.
A inércia a devastava, era "ela" que a fazia pensar e perguntar se valia a pena. No momento da pergunta, certo era que já não mais valia. Quando vale a pena, quando sente-se o tremor que atravessa a espinha quando ouve-se a voz do Dono, quando despir-se frente à Ele for um ato de devotada anulação, nunca pergunta-se o porquê.
No entanto, pensar doía, arrancava-lhe de sua essência e a fazia sentir-se, aí sim, menos do que nada. Bem sabia dos laços profundos, bem sabia que tinha uma obrigação de honrar aquilo que lhe fora dado como símbolo de  honra mas que ficou desprovido de sentido.
Pensata, palavra medieval, uma arrazoamento de próprio punho que era escrito com o sangue a borbulhar e transmutar seu calor entristecido em palavras.



Ouso pensar, por isso estou sendo punida por meu senso de decência e dever, na obrigação quase absoluta que me coloco em devolver-Lhe a coleira que me honrou até o momento.
Por ter um vínculo de lealdade, a devolvo; pelos bons e grandes momentos, O saúdo mas pelo que agora é, que não lhe cause transtornos, ao contrário, nos sintamos, ainda na separação como tendo sido um só.
Saudações de quem O serviu.

Não sabia do restante do caminho e do futuro que estava ali, à sua frente para ser vivido da melhor forma possível. Continuaria? Deixaria ao destino apontar-lhe caminhos. Não era o momento de coisa alguma, apenas de estancar a hemorragia afetiva. Pensata, silêncio.

Oportunidade de ouro!

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sábado, 15 de janeiro de 2011

ENCONTRO GASPER - DIA 22 DE JANEIRO


O Grupo dos Amantes do S&M de Piracicaba e Região - GASPER, retoma sua rotina de reuniões mensais em 2012 e convida seus amigos e os adeptos do BDSM de todas as localidades para seu


MUNCH

Dia 22 de Janeiro - Sábado
Restaurante Porto Seguro 
Complexo Gastronômico da Rua do Porto
Piracicaba -  SP


Também será uma excepcional oportunidade para encontrarmos nossos amigos, fazer novos e prestigiar a retomada das atividades do Complexo Gastronômico depois da enchente que os assolou recentemente.


Contatos através dos comentários desse blog ou e-mail sw.janus@gmail.com
Será um prazer recebê-los em nossa cidade! 
Contamos com vocês!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

REGRESSÃO x SUBMISSÃO (Ms. Rika)

Recentemente recebi um e-mail de um homem perguntando se ele seria capaz de se submeter a mim. Como é muito comum, ele me deu sua lista de desejos disfarçada de serviços para mim. Eu já escrevi muito sobre pseudo subs que realmente querem ser possuídos em seus próprios termos. Eu sempre frisei a importância de tornar mais fácil a vida da Domme em vez de dificultá-la e que a tentativa de moldá-la à sua fantasia é muito trabalhosa para ela. Como vocês podem imaginar, eu normalmente desconsidero essas cartas na mesma hora.
Algo nessa pessoa, entretanto, me fez acreditar que ele realmente não havia entendido a mensagem que suas palavras não escritas estavam transmitindo. Ao responder à sua carta eu me achei tentando auxilia-lo a perceber o que ele realmente buscava num relacionamento e o que a projeção de sua mensagem estava dizendo. Foi quando escrevia a resposta que eu percebi algo. Não sei se sou a primeira a achar ou pensar isso e eu deveria ter percebido isso antes, mas fui atingida por essa idéia, de toda forma.

Essas pessoas não são realmente egoístas; elas simplesmente confundem Regressão com Submissão!

O que esse tipo de submisso diz que quer?

 Eles querem obedecer aos desejos da mais bela mulher – A Deusa Provedora

Eles desejam ser ordenados sobre o que devem fazer, sobre como agir, sobre o que é ou não um comportamento adequado.

Eles querem ser “treinados”

Eles querem ser punidos se falharem

Eles querem se submeter a uma mulher que os ame

Eles querem se sentir tão apaixonados por ela que não consigam resistir a nenhum desejo dela

Eles querem abdicar do controle de seu prazer e dá-lo nas mãos da mulher que adoram incondicionalmente

Eles querem ser sacudidos e mantidos sem saída (figurativamente e muitas vezes literalmente)

Quem nos proporciona tudo isso em nossa vidas baunilha? Nossas Mães!!!

Agora eu percebo que metade dos leitores já parou de ler. Mas se você examinar o assunto honestamente este é o tipo de desejo sobre o qual estamos falando. Não estamos falando de submissão, mas de regressão à infância deles, quando as decisões eram poucas e fáceis, a tensão na vida deles não existia e todo o prazer deles estava nas mãos de pessoas que eram amadas incondicionalmente, e de absoluta confiança. O fato bem conhecido de que homens procuram Dommes profissionais para “escapar” da realidade corrobora isso. O bondage usado nessas cenas adiciona um senso de realismo físico à sua falta de alternativa. Falta de alternativa, que eles não conseguiram mais sentir, apos terem crescido e se tornado maiores e mais fortes que suas mães.
Então agora eu entendo como algumas mulheres conseguem lidar com esse tipo de solicitações e eu não! De uma certa forma, muitas das mulheres dominantes talvez se sintam muito gratificadas com esse tipo de relacionamento. Ele pode preencher uma carência. Pessoalmente eu sinto (eu tenho dois filhos jovens) que a maternidade é uma tarefa dura! Ë um monte de trabalho (mesmo contando com um sub residente que me auxilia consideravelmente). A ÚLTIMA coisa que eu desejo é uma enorme criança dependente. Eu já escrevi como sobre eu foco os meus subs em tornar a minha vida mais fácil, não mais difícil.
Esse é o porque de eu ser tão adepta da submissão orientada ao servir. Como já defini em outros artigos, submissão para mim é sobre o que o sub possa fazer POR MIM, não sobre o que eu faça PELO SUB. Ela é centrada na Domme. Eu insisto em que o sub trabalhe para me dar prazer, que se esforce para antecipar os meus desejos e necessidades e para que seja um pensador INDEPENDENTE cujo único objetivo seja o meu prazer. Eu não desejo que ele seja uma criança teleguiada que aguarda ordens ou tenta descobrir brechas nas regras da casa ou ainda pior, que desobedece para ganhar atenção. Eu desejo que ele seja um homem, seguro dos seus desejos e inteligente o suficiente para raciocinar por si próprio, para obter a autodisciplina requerida para servir sem a ameaça de punições. Eu não sou um repositório para ele aliviar o seu stress (a não ser que eu deseje isso).
Com isso eu encontrei uma nova forma de entendimento e um novo nível de tolerância para “homens que querem ser dominados quando não possuem alternativas”. Entretanto, na minha opinião, tentar recriar a infância perdida é algo que pode ser razoável…mas não é submissão.

Com Amor,

Rika



http://www.tiedmoments.com/rika/



(Fonte: http://www.desejosecreto.com.br/teoria/teoria31.htm)