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sábado, 29 de agosto de 2009

Sade, o amador da crueldade (Paulo Francis)

O marquês de Sade fascina os nossos contemporâneos, como deixou perplexos os seus. Não se trata de pornografia, apenas. Até um adolescente sem experiência, depois de ler algumas páginas das fantasias eróticas de Sade, sente um certo cansaço e desapontamento. São tão incríveis a façanhas sexuais das personagens, que só uma sensibilidade irmã do autor poderia usufruí-las para fins de prazer. A ficção e a “filosofia” de Sade terminam por nos provocar efeito semelhante ao do humor negro, tal o excesso com que castigam a carne. Pessoalmente, acho-o engraçadíssimo e instrutivo, em doses homeopáticas, e maçante no todo. Duvido de sua capacidade de catequese. O hábito não faz o monge. Quando muito, consolida vocações.

Em meio à loucura (no sentido clínico figurativo do termo) de Sade, há, porém, agudíssimas críticas a natureza humana e a sociedade, amparadas numa vivência que tem certa coesão demoníaca. Sade era um diabo de inteligente. Na infância, mataram-lhe o pato de estimação. Sade comeu-o, na inocência, e vomitou-o ao descobrir-lhe a identidade. Ficou perturbado a ponto de perder a fome. Emagreceu tanto que a família pediu auxílio ao padre confessor. Este explicou ao menino as diferenças entre os homens e os animais, na versão católica. Segundo o cura, nossa alma imortal, criados que fomos à imagem de Deus, demanda o respeito à vida, enquanto os animais, coisas, morrem de vez. Sade achou a explicação estúpida (tinha 9 anos), respondendo que se os homens viviam melhor depois da morte, não lhe parecia pecado matá-los, ao contrários dos bichos, finitos na carne. O padre sorriu com superioridade ante a lógica da criança. Cabe a pergunta: qual é a graça?

Sade foi um revolucionário completo embora sui generis, pois seu campo de atividade não era o mundo social, e, sim, o individual. Hoje, ele é cristalino em sua simplicidade. Propõe o prazer como o objetivo absoluto da existência, o prazer físico total, ancorado na crueldade, que considera a força decisiva na e da natureza. Tinha estímulos de sobra para formular essa tese. Viveu no período de decadência vertiginosa da aristocracia francesa, entre Luiz XV e Luis XVI, sobrevivendo ao Terror, na fase intermediária da Revolução de 1789, a Napoleão Bonaparte (que o trancafiou no hospício Charenton), terminando sua carreira sobre o reinado de Luiz XVIII. É significativo que inspirasse idêntico horror a revolucionários e a reacionários. Sade, em vários escritos, não se cansa de ressaltar a hipocrisia de seus perseguidores. Napoleão I (Bonaparte já imperador), por exemplo, abominava-o, lembrando-se dele com asco, até no exílio, em Santa Helena. Sade, entretanto, nunca matou ninguém. Feriu prostitutas, promoveu bacanais onde o sexo era praticado na “marra”, assim por diante. Já Napoleão Bonaparte foi um dos maiores criminosos de guerra de todos os tempos. Sangrou toda uma geração européia em suas conquistas. Em termos de respeito à integridade física do próximo, também Robespierre e Saint-Just seriam os últimos a poder pregar lições de moral ao marquês. Era um varejista da crueldade perto desses tubarões do atacado.

Sade percebeu com muita clareza as iniqüidades do regime monarquista e conclamou o povo a atacar a Bastilha (onde estava preso). Passou dois terços da vida na cadeia. Punição justa? Seus hábitos, na aristocracia francesa, não eram originais. Os grão-senhores dispunham de legiões de meninas e meninos para satisfazê-los, sabe-se lá como. O problema de Sade é que ele escreveu sobre o assunto, glorificou-o. Quis transformar o que era vício secreto em filosofia. Trouxe à tona o mais arraigado tabu humano: o sexo. Se tivesse ficado quieto, mantendo suas práticas fora do prelo, entre quatro paredes, a História não lhe registraria a passagem.

Sade tem um faro praticamente infalível para as inibições sexuais do homem. Localiza-lhe as causas e conhece a fundo as imposturas de que nos valemos para descarregar os instintos quando nos negamos a expressão sensual. Foi precursor de Freud, de Wilhelm Reich e Norman O. Brown, os principais revolucionários da psicologia moderna. Se o diagnóstico é bom, porém, a cura é uma loucura. Nenhuma sociedade civilizada poderia subsistir nas bases propostas pelo marquês. Alguma forma de contenção tem de haver, caso contrário nos destruiríamos todos.

Tamanho é o poder do tabu sexual que ainda hoje Sade enche de susto os bem pensantes, aqueles a quem um traseiro ou um palavrão no palco atinge como ofensa moral, mas que aceitam como coisa natural a morte de 259 mil crianças (a estatística é da Cruz Vermelha) no Vietnã, sob napalm, as bombas e quejandos.

Nesse contexto, nada mais ilustrativo e divertido do que a passagem de Sade pelo asilo de Chaenton. O marquês pôs fim ao confinamento, ao descanso forçado dos pacientes. Organizou-lhes uma intensa vida cultural e social. Promoveu espetáculos de teatro (Peter Weiss usou o tema em Marat/Sade), concertos, ceias chiquérrimas a que compareciam celebridades e nobres de Paris. Os loucos passaram a seguir a moda, cuidando da aparência e dos trajes. Naturalmente, aconteceram casos de amor. O diretor do hospício, Sr. De Coulmier, era um esnobe e deu mão livre a Sade para poder freqüentar-lhe as festas. Já os médicos da instituição ficaram indignados, pois, segundo eles, os loucos estavam portando-se como “gente normal”. A carreira do marquês é marcada por ironias desse tipo.

Restou pouco da produção literária de Sade. Sua obra foi aprendida e queimada, principalmente pela polícia de Napoleão I. Os livros mais conhecidos: Os 120 dias de Sodoma, ou a Escola da Libertinagem; A Filosofia da Alcova; Justine ou as Desgraças da Virtude; Aline e Valcour, ou Romance Filosófico; A Nova Justine ou as Desgraças da Virtude, Seguida da História de Julliete, Sua Irmã, ou a Prosperidade do Vício. Os títulos, quase sempre, dizem tudo. A extensão de certos textos é proibitiva. Justine & Juliette, por exemplo, chega a quatro mil páginas. As orgias, não raro, sofrem longos intervalos, onde o autor nos ministra filosofia. Há coisas ótimas, aqui e ali. Sade antecipou Proudhon (e não Marx, como afirma erradamente Guy Endore no livro O Santo Diabólico, ainda assim uma das melhores obras sobre o marquês) ao dizer que a propriedade era um furto. Ele e Babeuf, na Revolução Francesa, estavam adiante de Hebert e de Robespierre, em radicalismo econômico.

A corrente de literatura moderna onde encontramos Céline, Norman Mailer, Artaud (no teatro) e Kafka (de alguns contos) não existiria sem Sade. Pena que ele escreva sem rigor seletivo e se entregue a pretensiosas e intermináveis divulgações. E suas orgias não têm, como já foi dito, a menor verossimilhança. O leitor sofisticado, diante delas, ri dos excessos de rococós (o que os americanos chamam “camp”) ou se entedia mortalmente, se tomá-las a serio.

É impossível falar de Sade sem debater a questão da pornografia em nossa sociedade. Na maioria dos países civilizados, a censura artística cessou de existir. Chegaram os juristas à conclusão que ninguém é forçado a ler ou a ver tais coisas, exceto em casos excepcionais. Tornou-se direito firmado do cidadão conhecer o pensamento de quem quiser. Em matéria de jurisprudência libertária, nada há a acrescentar.

Médicos e educadores discutem, porém se a pornografia exerce influência sobre a conduta humana. Os moralistas, é claro, querem proibi-la, porque se julgam capacitados a determinar o comportamento do próximo. Quem toma esta posição prescinde de discussão; é por princípio, contrário à discussão. Candidata-se a beleguim de ditaduras. O leitor, certamente, dispensa maiores comentários.

Há outros críticos menos intransigentes. Os chamados “assassinatos do pântano” na Inglaterra, há tempos despertaram comoção em alguns círculos intelectuais. Os criminosos torturaram e mataram crianças de maneira infame. Eram leitores devotos de Sade e disseram-se inspirados por ele. Pamela Hansford Jones, romancista e mulher do escritor, cientista e subministro de Wilson, CP Snow, escreveu um livro denunciando a facilidade com que obras obscenas caem na mão de qualquer um. O ensaio é inteligente. A autora inclui a arte da violência, excluída, em regra,das preocupações dos censores. Também George Steiner, um dos críticos mais eruditos da presente geração, descreve o delúvio de pornografia & violência como fator de corrupção dos costumes, maneiras dos próprios ideais humanistas que deveriam presidir nossa civilização.

Ninguém pode definir com certeza o efeito do consumo de Sade e semelhantes sobre todas as pessoas. Os assassinos do pântano deixariam de ser tarados, se nunca houvessem lido o marquês? Improvável. A evidência psicológica disponível sobre as perversões indica que estas se estruturam disso, pensando estímulos meramente externos, embora esses possam acionar anseios a que o indivíduo já estava predisposto.

É mais provável que a obscenidade seja um fator preventivo de taras, um substituto de extravazamento, assim como o palavrão e o insulto aliviam tanta gente da necessidade de atos brutais. Quem se sente sexualmente irrealizado encontra na pornografia um paliativo, um “ersatz” da realidade almejada. O próprio Sade demonstra o valor consolatório das fantasias. Quando pôde fazer matar a mulher quem mais odiava, sua sogra, Madame de Montreuil, terminou mandando soltá-la. Por causa disso, como “frouxo”, Robespierre jogou-lhe na prisão, acabando com seu cartaz de subversivo junto aos revolucionários franceses. Sade desforrou-se da sogra como personagem literária, submetendo a vexames requintados (e hilariantes). Quantos homens não sonham em dar tratamento igual às suas sogras?

Sade, a exemplo de muita gente boa, mentiu sobre suas aventuras sexuais. É impossível separar a lenda dos fatos. Sade permanece vivo, é como símbolo de uma atitude de hedonismo extremado.

Durante um século suas obras desapareceram da vista do público. Depois da guerra é que críticos voltaram-se para ele. Auschwitz e Hiroshima não podiam ser explicados inteiramente por formulações antigas, seja o clichê marxista da luta de classes, ou o “guerra é guerra”, entoado nas banalidades patrióticas de cada nação.

Sade, antes de Freud, via na violência social um resultado da repressão dos instintos. A maneira pela qual se propunha a liberá-los nada ficava a dever, em tese, aos crimes dos bravos guerreiros de todas as épocas. Nem por isso sua análise carece de utilidade, se bem que seu comportamento não ser vê exemplo.

O homem fisiologicamente harmonioso, funcionando na plenitude civilizada dos instintos, tornou-se objetivo da psicologia de “avant-garde” em nosso tempo. Sade, viajando imaginariamente ao pólo oposto, foi um terrível profeta desse novo homem, hoje apenas esboçado.

(Francis, Paulo. Sade um amador da Crueldade. Pasquim, no. 6, Agosto de 1969. Apud Jaguar & Sérgio Augusto (organizadores) Pasquim, Antologia Volume 1 – 1969 – 1971. Rio de Janeiro: Editora Desiderata, 2006 p.25 a 27)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Em primeira pessoa (Janus SW)

Às vezes me pergunto o porquê de achar tão poucos textos dentro dos blogs que falem , em primeira pessoa, além do necessário apreço, da dispensável dor, não física mas afetiva,do não estar, da falta do Dono(a)  etc.
Talvez seja porque no meu noviciado submisso eu tenha ainda a entender de que o sub falar de si não é de conveniência pública ou privada do Top, ou talvez seja contrário à própria condição de submisso(a).
Se cometo o pecado da inadequação, por favor, Senhores, Senhoras e colegas, me desculpem mas acredito que seja necessário, primeiro para mim mesmo, delimitar algumas coisas, dizer outras, falar enfim e um momento "solto" de reflexão foi mais que suficiente em sua pequenês para um verdadeiro surto verborrágico.
A alana, em seu comentário, disse que eu conseguia traduzir o mundo SM com alguma propriedade, ou nas palavras dela "você descreve uma submissão plena e convicta" e aí me fez perguntar se eu, na verdade, poderia descrever uma submissão plena e convicta (concordo com você alana) sem estar vivendo essa submissão no exato momento que escrevo.
Sempre estive "do outro lado do chicote" e , devo confessar, nem sempre fui o melhor Dono que uma submissa pudesse ter, menos por maltratá-las e mais por ser inábil e preciptado, esquecendo-me que não adianta tentar colocar o carro à frente dos bois, de nenhuma forma.
Decidi praticamente abandonar o BDSM por conta de algumas coisas que não seguiram como deviam e, de repente, pela minha consciência do mal que posso fazer às pessoas dado, inclusive, por minha inabilidade, real ou pressumida.
Parei, refleti e , principalmente, experimetei nas mãos de uma Domme experiente e que sempre me fascinou, toda a dimensão que é servir, menos por ela ter sido completa, mais pela energia que se sente no ar durante uma sessão.
Vai lá... Aquilo não era a submissão inteira, poderia falar alguém que já tenha visto até coisas mais significativas com Donos e Dommes em relação D/s até porque não era isso que estava acontecendo. Ailias, sou grato à essa Senhora , cujo nome não me convém mencionar por privacidade, por ter me mostrado tanto em tão pouco espaço de tempo.
Devo dizer que hoje eu anseio, eu quero (será que é minimamente adequado dizer isso), preciso sentir um pouco mais do que tenha sentido. No entanto, tenho consciência plena de que o fato de já ter tido uma pessoa em minhas mãos não significa pouco na hora de submeter-me.
Aprendi logo que para dominar minha alma não seja necessária uma enorme elaboração mas que a Domme soubesse ocultar um pouco de si, que saiba ser sutil no domínio, uma sutileza que beire o perverso, o subterrâneo, uma extração pedra a pedra da minha submissão. Entenda, também, que aos 44 anos talvez eu esteja vivenciando um grande cansaço de tanto tempo "na estrada" , por mais que esse tempo para muitos seja muito pouco.
Sim, preciso de alguém que me renda, me subjugue, me extraia a vontade absoluta de ter domínio de minha existência mas que não se nutra e caia fora e sim que cuide e me desenvolva, seja Dona e seja Mestra, condutora, por menos que pense saber.
Eu quero spanking, shibari, agulhas, suspensão, tudo o que a Dona quiser mas espero que Ela queira mais, infinitamente mais, uma Rainha em um trono com o conselheiro sentado aos pés, aquele que por mais que saiba, sempre estará aos pés do trono, seja menos, possa menos, mande menos mas não seja de todo desprezível, até porque sabe colocar-se em seu lugar, sabe que servir é uma expressão mais satisfatória apensar de muito menos cômoda do que outras.
Doar o todo, tudo, mais mas que não seja apenas de um resultado de um contrato ou de uma coleira mas seja assim pq houve a conquista do meu solo interior, de forma que fincar a bandeira seja o resultado natural de um processo.
Ainda caminho nessa direção, enquanto submisso e enquanto homem, enquanto alguém que também sabe olhar nos olhos de uma mulher e encontrar submissão, no viver, no comprometer-se, no fazer acontecer.
Nem sei, sinceramente, se teria algum motivo claro para estar escrevendo e publicando tais coisas ou, felizmente, tenha chegado à conclusão que fosse necessário me dar a conhecer ao mundo, ao meio e mais, cavar no solo do meu ser para plantar algo que não sei no que vai dar.
Sinceramente, por mais bizarro que eventualmente possa parecer, não tenho pressa mas anseio o momento que Ela se mostrar à mim, plenamente,  me tomar a alma e aí, garanto-lhes, a coleira é um mero símbolo porque Ela já me possuirá.
Esse é o Janus, presente em aleph também, sem convergirem totalmente. Afinal, entre a realidade e a ficção há mais coisas que julga a nossa vã filosofia. Equanto essas coisas se me mostram ao poucos, caminhar é preciso para que a paisagem se contrua e seguimos, rumo a algum lugar.
Saudações

domingo, 23 de agosto de 2009

A educação dos sentidos - Parte 6 - The education of the senses Part 6 - Janus SW

(Para/To Domme Andrasta)
Abstract in English in the end of the post

O recinto para o qual entraram ao anúncio de aleph que tudo estava pronto, era uma sala muito grande, destinada originalmente como o lugar da reunião da família de seu primeiro habitante. História registra que todas as noites, a família fazia suas refeições, discutiam os problemas familiares e registraram uma imagem que , estranhamente, foi resgatada de um nicho na parede quando da reforma da habitação.
Nessa foto havia uma grande mesa de madeira maciça a qual foi reconstruída, na medida do possível, infelizmente, não respeitando o material original, indisponível. No entanto, naquela bela disposição que conservou a originalidade da habitação, faziam as refeições, recebiam os amigos, estavam na casa que envolvia o templo da Senhora.
- Querida Domme, o que aleph nos servirá será um exemplo de refeição em tempos de sessão, principalmente para o sub. Muitas frutas frescas e secas, nada que pese no estômago ou possa causar mal estar.
Nesse extamo momento, aleph adentra à sala em posição respeitosa para servir às Nobres Senhoras.
- Sente-se conosco, aleph. A Domme tem algumas perguntas a fazer à vc.
- Apenas um minuto, Sra. , para que eu leve essas garrafas à cozinha.
- Vá, aleph.
Quando aleph saiu, a Domme perguntou sobre o que poderia ou não perguntar. Para a Senhora, nada era um limite ou uma interdição, podendo estar a colega livre para quaisquer curiosidades que eventualmente pudesse ter.
Voltando, aleph sentou-se em uma cadeira reservada à ele, fora da mesa mas o suficiente próximo para ouvir e ser ouvido.
- aleph, gostaria de saber sobre o que te limita? O que você não faria?
- Sra., não há nada absolutamente fora da vontade de minha Dona que eu fizesse e nada que fosse da vontade Dela que pudesse deixar de fazer. Minha vontade, prazer e saúde, tudo depositei aos pés de minha Senhora, a ponto de não haver mais dois mas apenas um sob o mando Dela.
- Isso todos dizem, aleph.
- Bem sei, Domme. Eu mesmo transgredi mas entendo hoje que a verdadeira felicidade se faz com verdadeira entrega, nada mais, nada menos do que isso.
- Então você faria qualquer coisa para a sua Senhora?
- Qualquer coisa.
- Mesmo? - perguntou a Domm eincrédula.
- Sim.. Basta a Ela mandar e eu farei.
Doomme olhou para a Senhora como que propusesse testar as palavras de duvidosa obediência de aleph. Sorriram uma para outra, de forma discreta, como a dissimular o que os olhos atentos de aleph jamais desconheceriam. Tramavam, as trilhas imensas de prazer qye se sucederiam.
- aleph!
- Ao seu dispor, Senhora.
- Deverá obedecer à Domme como obdece à mim, compreende? Não admitirei falhas no serviço de minha irmã de dominação. Está claro?
- Sim, Senhora. Servirei a Domme com sirvo à Sra.
Na verdade, aleph pensava que alguns de seus temores estavam se justificando, sendo que sua Dona e Senhora, o emprestaria a Domme. Seus olhos traduziram , com a clareza que lhe era peculiar, toda dor que sentia ao se sentir apenas alguém a mais, um detalhe na biografia de sua Senhora.
Como poderia passar despercebida à Senhora tal sentimento já que Ela o conhecia melhor do que a ele a si mesmo? Aproximou-se de sua peça.
- Decepciona-me, aleph, que sinta alguma dúvida sobre que o possui de verdade. Não tente negar, sei de seus medos e está apavorado. Disse agora mesmo á Domme que acredita em mim irrestritamente e que faria tudo o que eu comandasse e agora é chegada a hora de provar que é nisso mesmo que acredita. Será o veículo que eu escolhi para ensinar a fina arte que praticamos e esse é meu comando para você, entendeu? Não me faça sentir decepcionada novamente, aleph... 
Sentiu-se consumado em chamas da profunda penetração que sua Senhora fazia na alma dele, desnudando-o por completo. Quando a ordem de despir o corpo foi dita era a última instância de si que ainda precisava ser desnudada. Novamente as roupas foram deixadas dobradas em lugar apropriado e aleph, comandado pela Dona, adiantou-se à masmorra para incensá-la e torná-la imaculada para uso Dela.
Nesse tempo necessário para a preparação, orientou a Domme na postura que deveria adotar e, conforme havia pedido, uma roupa negra cobriu o corpo da jovem dominadora para que fizesse um contraste absoluto com a alvura doa roupa da Senhora.
aleph que de início ficara em pé em lugar designado para tal, ajoelhou-se ao ver a aproximação das duas dominadoras que tomaram seus lugares mais elevados.
A um simples gesto de sua Senhora que portava, agora, seu chicote, levantou-se com a cabeça baixa e imediatamente recebeu sua coleira, negra, adornada com a letra "S" em gótico além do receptáculo para a guia.
Outro comando e aleph posicionou-se para a inspeção de costume. Orientando a Domme a Senhora esclareceu ser importante inspecionar se todas as determinações eventualmente dadas em relação ao submisso e a seu corpo, foram atendidas. No caso de aleph, apenas a inspeção costumeira se fazia necessária.
Meticulosamente inspecionado, servindo de um "quadro negro vivo" para a nova Domme, sentia-se com emoções contraditórias, as de servir a Dona de si e não intimidar-se com a presença da convidada de sua Senhora.
Também sabia o que havia de acontecer depois: normalmente colocaria-se de joelho frente ao local onde sua Senhora permanecia e reverencialmente beijava-lhe as botas, lambia-as, em um tributo de reconhecimento à superioridade inquestionável da Top que lhe dirigia.
Hoje, no entanto, esperou o comando que não demorou a vir:
- Prossigamos, segundo o costume. Como sabe, aleph, esse momento servirá para culto de sua Senhora e para reverência à Domme que nos visita e está sedenta em aprender a arte do BDSM. Portanto, deverá reverenciá-La da forma que Ela comandar, logo após me honrar conforme fazemos sempre.
- Sim, minha Senhora. Não há outra razão para qual eu viva senão para serví-La e propiciar o que a Senhora precisa, mais ainda, serviço, lealdade, serviço e devoção! Por isso, digna Sra. esse humilde escravo beija-lhe as botas, única coisa digna que pode fazer por tão grande Mulher.
A Senhora coloca os pés sobre um apoio localizado no degrau mais baixo próximo a aleph. Ele, por sua vez, prostra-se reverencialmente e beija o bico da bota de sua Senhora lambendo-a em seguida, prosseguindo assim pelo cano sendo que a cada necessidade de recolocar-se, não lhe é permitido usar o corpo, tendo de rastejar para alcançar o cano longo que alteia-se até os joelhos.
O esforço para subir como se os braços lhe tivesse sido cortados é indiscritível dado o grau de força mental que exige. No entanto, segue, não pode falhar, jamais o faria e sabia que sua Senhora olhava seus esforços de uma forma que não lhe restava dúvidas que apreciava o serviço.
A Domme observava admirada a cena com aquele homem totalmente à serviço daquela Mulher que retia todo o poder e toda a graça, ao menos nos olhos servis dele. Admirava-lhe os olhos, a boca ao tocar o couro branco da bota da Senhora e depois, os mesmos lábios , praticamente irem repousar no chão e para que a cabeça de aleph  servisse de repouso para os pés da alva Senhora.
Desejava intensamente compartilhar a mesma sensação e, como advinhando o que sentia, a  Senhora deu a ordem para que ele iniciasse a honraria dedicada à sua discípula e com muito cuidado e afeição, assim foi feito. Apenas não lhe fora concedido colocar seus pés sobre a cabeça de aleph, símbolo maior do domínio, reservado apenas à Senhora.
- Levante-se , aleph! - ordenou a Dona do escravo que postou-se humildemente em pé, a cabeça baixa e as mãos coladas ao longo do corpo.
- Cara, Domme, devolvamos ao aleph as sombras. 
Isso foi a senha para que a Domme colocasse a venda nos olhos de aleph e , de fato, restituindo-lhe a noite definitiva, tão escura como lá fora, o que nada lhe permitia ver, apenas ouvir os movimentos à sua volta. A grande possibilidade de advinhar o que havia por vir, fora-lhe tirada à medida que os sons dos saltos das botas de ambas as dominadoras eram exatamente os mesmos e, com certeza, esmeravam em dar a mesma cadência no andar pois já não os distinguia.
- Nos retiraremos aleph e , ao voltarmos , deverá dizer quem aproxima-se de você baseado apenas naquilo que puder perceber, sem utilizar suas mãos que jamais devem tocar o corpo de qualquer de nós por não ter a dignidade para tal.
- Sim, Senhora. 
Retiraram-se e aleph tentava distinguir o ritmo que sua Senhora aplicava ao andar mas não foi possível. Os momentos se sucederam e apenas aumentava a angústia do submisso. Parecia-lhe voltar o tempo que, criança, era deixado só no quarto escuro e chorava, sentia-se abandonado para sempre. Como precisar , naquele estado, o tempo que levou para que ouvisse, novamente, os passos das duas? Impossível dizer. 
Sabia que alguém aproximava-se pelo seu lado direito e tentou perceber quem era mas não foi o suficientemente perspicaz para entender que isso demandava tempo, uma observação que deveria ser feita com calma, tentando sentir o que lhe cercava. 
Sentia um perfume, sim, o perfume! No entanto, não lembrava-se por mais que tentasse, qual era a nota daquele que lhe fora apresentado tempos atrás.
- Senhora? - arriscou-se.
Do lado esquerdo, sem qualquer som que o antecipasse, um tapa vibrou-lhe no rosto, arrancando-lhe um gemido sufocado. Errara! Quem estava ao seu lado era a Domme. Sim, havia uma nota diferente no perfume mas não notara.
- Como ousa confundir-me, inútil? - agora sim, a voz de sua Senhora fazia ouvir-se do lado esquerdo e era secundado por um riso abafado da Domme que deliciava-se ao ver aquele incompetente sendo punido.
Os tapas se sucediam até que o rosto de aleph apresentasse um rubror típico de tanto espancamento. A Senhora e Domme se entreolharam e disse-lhe a Dona de aleph:
- Nenhuma ofensa deve ser perdoada, jamais! Ensinei a esse inútil qual era o meu perfume e esse estúpido não espera, arrisca, tenta como um imbecil. Como posso aguentar isso, essa peça inútil, totalmente sem capacidade de sentir. Não sei porque mantenho essa coleira nesse pescoço imundo. 
aleph sentia-se mal, sendo que o seu mundo de serviço encontrava-se prestes a desmoronar, ao menos era o que sentia. Desagradara a sua Senhora e ainda na frente de outra dominadora.
- Não perde por esperar, aleph! Decepcionou-me em meu lugar de culto e reverência. Será castigado. Agora de quatro no chão, cão imundo.
Colocou-se como lhe fora ordenado e não tardou para que a guia fosse colocada em sua coleira. Estava sendo arrastado como um cão, sem saber para onde ia e sua Senhora, enfurecida, pouco esforço fazia para que não permitir que ele esbarrasse em algum lugar. 
- Cuidado para não me provocar mais danos, inútil - repetia.
A Domme aprendera a mais preciosa lição, a de jamais perdoar. Todo erro, correspondia um arrependimento e uma penitência sendo que o primeiro era dispensável de ser enunciado já que ele deveria  mover o coração rumo à nenhum erro mas a penitência, essa sim, era indispensável. 
aleph percorreu todo o corredor tangido como um cão rumo à masmorra da casa da Senhora onde chegou com os joelhos em chamas e as mãos fustigadas pela "caminhada". 
- Levante-se, inútil. - comandou a Dona de si.
O submisso levantou-se e foi dada à Domme a honra de psicioná-lo para o castigo. As máos foram atadas em lugar específico, acima da cabeça, deixando os braços esticados e, as pernas separadas, foram atadas em semelhante dispositivo.
- Hora do castigo, ser inferior! - falou a Senhora.
O castigo iria começar.
(Fim da sexta parte)

aleph learned from his Mistress the scent of the perfume she used during the sessions. He didn´t understood very well that this data, for him another fact into his tranning would be vital for the future.
As her Mistress friend, Domme, arrived, he learned that he was supposed to serve both Women. Serving both in the frugal dinner that was served, aleph was asked for the Domme about his submission to his Mistress that, according to the expected from him, was declared total. In his heart, however, he was very concerned about been  sheared with Domme. 
He devoted to his Mistress and to the Domme his worship kissing and licking their boots. Then he was left alone , blindfoded and when de Tops went back, he was requested to recognize of whom was the scent he felt.
He guessed that was his Mistress but he was wrong. He had his face slaped and was brought to the Dundgeon. Tied , he was about to be whiped as punishment.


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sábado, 22 de agosto de 2009

Non, je ne regret rien


Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
Ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal, tout ça m'est bien égal.

Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
c'est payé, balayé, oublié, - je me fous du passé.


Avec mes souvenirs, j'ai allumé le feu,
mes chagrins mes plaisirs, je n'ai plus besoin d'eux.
Balayés mes amours, avec leurs trémolos,
balayés pour toujours je repars à zéro

Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal, tout ça
m'est bien égal.


Non, rien de rien
Non, je ne regrette de rien,
car ma vie, car mes joies,
aujourd'hui ça commence avec toi




Não, Eu Não Lamento Nada
não, nada de nada
não, eu não lamento nada
nem o bem que me fez
nem a dor, tudo isso me é indiferente

não, nada de nada
não, eu não lamento nada
está pago, varrido, esquecido
eu me lixo para o passado

com minhas recordações
eu acendi o fogo
minhas aflições, meus prazeres
eu não preciso mais deles

varridos meus amores
com seus tremores
varridos para sempre
Eu recomeço do zero

Não, Eu Não Lamento Nada
não, nada de nada
não, eu não lamento nada
nem o bem que me fez
nem a dor, tudo isso me é indiferente

não, nada de nada
não, eu não lamento nada
porque minha vida, minhas alegrias
para hoje
começam com você

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A responsabilidade inalienável do Top (Janus SW)


Outro dia, na hora do almoço, abri mão com bastante prazer das leituras que faço no intervalo de um turno e outro de trabalho para conversar na querida Nação BDSM, um grupo de queridos amigos que reunem-se para algumas discussões ou apenas para um bom papo.

Hoje devo dizer que a discussão era sérissima e ao menos para mim foi de extremo proveito e que, na verdade e em profundidade, versava sobre a questão do SSC, RACK e SSS mas de fato discutia algo mais relevante do que apenas os conceitos enunciados mas falava da RESPONSABILIDADE nas práticas do BDSM.

Acredito que minha posição tenha sido a mais radical entre todas , algo bem típico de um escorpiano igualmente típico mas que demonstra a minha visão de como as coisas devem acontecer e gostaria que atentassem para esse detalhe, importantíssimo: essa é a MINHA visão, construída ao longo da vida dentro do BDSM mas que divido com vocês exatamente no intuito de fomentar a discussão.

Comecemos pelo conceito-mestre, responsabilidade. Não podemos negar que vivemos em um mundo onde ser responsável é apenas um detalhe acessório que deveria ser essencial e que refere-se, essencialmente, em ter claro que existem limites, implícitos ou explícitos na relação com o outro e que, positiva ou negativa, à cada ação e consequência corresponde a um prestígio (positivo) ou sancionamento (negativo) por uma norma seja ela lei ou costume (moral).

Responsabilidade, portanto, tem relação direta com o ato e suas consequências, ressalte-se, referentes à moral (costume) de cada grupo em situações definidas. Nesse mundo onde ninguém sente-se responsável nem por ninguém ou por nada, onde a transgressão à norma vêm de quem deveria zelar pela sua observância, parece, como já dissemos, quase dispensável.

No entanto, devemos reconhecer que vivemos em um mundinho que tem duas características básicas: primeiramente, a capacidade de causar um grande sofrimento mental ou físico e também o fato de estarmos assentados em uma estrutura hierárquica, nada democrática.

Ao meu ver, esse último quisito acaba sendo de extrema importância e deve ser analisado com bastante cuidado e para isso, pasmem, recorrerei a uma das minhas histórias em quadrinhos favoritas, o Homem-Aranha.

Quem conhece a história do famoso Peter Parker lembra-se que por uma omissão dele, o tio Ben que o havia criado acaba sendo assassinado , de onde ele extrai uma lição resumida na frase: "Para um grande poder, há uma grande responsabilidade" (algo assim).

Notemos que Parker sente-se responsabilizado pela morte do tio por ter se omitido o que sempre deve ser considerado uma ação. Da sua (falta de ) ação, decorreu o assassínio do tio querido. Ele teve em suas mãos (quase que literalmente) o poder de evitar algo que lhe afetou profundamente.

Não sei se o exemplo é o mais brilhante mas de forma leve nos introduz duas questões que estão destacadas e que devem merecer nossa atenção: a questão do poder e a questão da ação, seja ela fazendo-se ou deixando-se de fazer.

A questão do poder é a própria essência do BDSM e discutí-lo talvez seja discutir um dos motores da humanidade ao longo dos tempos, seja em que expressão se evidenciar. Em outros momentos e contextos, fica-nos fácil entender a questão da limitação, principalmente se estamos do lado que não detém o poder, muito mais sensível ao fato de ser abusado.

A convenção inicial entre um Top e um bottom, não pode ser vista pura e simplesmente como uma "carta de concessão" definitiva e imutável, apesar de importante e indicadora, na verdade, da adequação do Top ao estilo do bottom que se submeterá caso tenha o mínimo de indentidade quando não sendo absolutamente subjugado, mental e afetivamente.

Isso traz consequências importantes, principalmente quando se considera que poucos Tops, seriamente, admitem limites ao seu poder. Ao encoleirar um bottom, a primeira intenção é a de fazê-lo ir além, de suportar mais, aprender mais, construir mais o que podemos chamar de desenvolvimento pessoal através do BDSM.

No entanto, se admitimos que isso acontece, como poderemos imaginar que seja a postura do bottom nesses momentos? Será que deve objetar a qualquer tentativa do Top em avançar em suas práticas? Foi-lhe concedida a liberdade de reclamar com seu Top a qualquer momento que o chicote cante além do que se convencionou?

Podemos jogar para a platéia e dizer que sim, afinal, parece um absurdo que na nova escravidão, os bottoms não tenham sequer voz. Belo para a platéia mas não resiste a uma análise mais séria e pode ter consequências graves se imaginarmos que a ilusão quase sempre conduz à decepção e ao erro.

Continuo a acreditar, piamente, no ditado popular que diz mandar quem pode e obedecer quem tem juízo. Está bem que existem bottoms atrevidos mas até aí , novidade alguma muito pelo contrário, tanto quanto existem Tops lenientes com os erros e disparates do bottoms.

Esse manda quem pode, obedece quem tem juízo, no nosso meio, é mediado por uma questão fundamental e que deve ser colocada: é dever do Top aferir, inclusive solicitando exames diversos, por exemplo, a sanidade física de seus bottoms. A algum tempo vi no site do Gas Mask (não me recordo o endereço) um questionário semi-traduzido que dava conta de uma boa parte dos problemas eventuais dos submissos.

O b0ttom por sua vez, deve ter consciência de algumas coisas:

1. Honrar a coleira que porta - Isso significa que é uma questão de prestígio e orgulho para seu Dono ou Dona, a manutenção da saúde mental do bottom, até porque, todos sabemos que os rumores e fofocas em caso de problemas, não se fazem esperar, depreciando o Dono(a) na comunidade em que vive, seja ele ou não o responsável por tal prejuízo.

2. Todo o problema de corpo e mente devem ser relatados - Mesmo sendo atribuição do Top manter-se informado ou acompanhando (de preferência) seu bottom em suas necessidades de saúde, em não fazendo, ou havendo um fato fortuito que prejudique o bom andamento da vida de vocês, não deve haver vacilação: diagnóstico já!

3. Não hesitar na devolução da coleira quando achar necessário - Talvez essa seja a solução mais complicada de ser tomada mas é de funamental importância, dado que, se uma relação D/s deve ser plenamente satisfatória e continuamente legitimada, toda a situação que se torne insustentável na relação de Dominação e submissão com gravidade suficiente, deve ser ensejadora da devolução da coleira, por mais triste que possa vir a ser.


Ao ente passivo, demanda-se uma única atividade no quisito que abordamos e recapitulando: o Top JAMAIS deverá ser o último a saber, em nenhuma questão, quanto mais nas relacionadas à saúde.

No entanto, os Tops não devem colocar-se na situação passiva de esperar relatórios de seus bottoms seja em negociação, seja durante o curso da relação. A sua proatividade (chique essa palavra) deve se direcionar de forma que , constantemente, ao notar de qualquer alteração significativa, o bottom seja questionado sobre o que está acontecendo, se há algum problema de qualquer ordem e, além de levar em conta, ver que um dos principais compromissos dele(a) deve ser a da honestiade absoluta com o Dominante.

Ao meu ver, por sua posição hierárquica e como registra os cânones BDSMistas NUNCA, fará da vontade do bottom a sua, exceto nos casos em que haja convergência , onde ela não apenas deve se dar mas como de fato ocorre.

Portanto, se o bottom apenas colcoa-se, submete ao poder decisório ÚNICO do Top, não há espaço para se falar de responsabilidade de bottoms. Existem deveres, existem exigências , há consequência dos atos, todos componentes da responsabilidade mas não cabe à eles e elas interferir nas decisões posteriores de seu superior.

Agora, maturidade é requerida o Top no sentido de que há de se fazer uma distinção clara em ter poder e abusar dele. É legítimo que o Top se faça respeitar em suas vontades, é legítimo que quem saiba mandar, deva encontrar algué para obdecer mas é FUNDAMENTAL que se resgate (se é que a perdemos) a concepção de errar e causar dano ainda continua ser nossa atribuição.

Da mesma forma que adore sair com meu bottom pelas ruas de mãos dadas , ou com alguns alguns "brinquedinhos em ação", mostra-los orgulhosos nos clubes do gênero, há de se ter algum ônus e se assim podemos falar, e o principal deles chama-se RESPONSABILIDADE.

Eu, Top, verifico se tudo vai bem durante a sessão, eu Top, manterei contínua vigilância quanto à saúde de minha peça, EU, Top, planejarei minhas sessões e, mesmo no improviso, manterei acessas as luzes da minha alma para acompanhar qualquer sinal de alteração nos sinais vitais do bottom e de mim mesmo, usando o poder discricionário que apenas os Tops têm em encerrar qualquer prática, a qualquer tempo.


O VALOR DA SAFEWORD


Essa é uma das questões que mais geram polêmica e, como cada um sabe onde lhe pisa o calo, não há uma postura definida e uniforme no meio. Eu já servi uma Dona que tinha uma safe e isso dava conforto mas tive outra que não tinha, submetia-me na convicção de que ela tinha consciência e preparação técnica para fazer o que gostaria de fazer.

Particularmente, com Dommes experientes e que sejam do meu conhecimento, com certeza dispenso a safeword.

Isso é um teste e tanto para o Topque precisará trabalhar dobrado e ter prazer. Ao meu ver, dos mais "softs" ao mais "hards" o cuidado da dimensão sanidade é fundamental. Antes que perguntem: espero ter deixado claro que o dimensionamento dos estados físicos deva ser feito em cada caso, com dada Top e suas atividades e com os bottoms em seu cantinho.

Não tenha dúvidas, Senhor ou Senhora, em caso de qualquer observação que se deva fazer, qualquer decisão a tomar, tanto para começar ou terminar uma prática deve ser tomada sem a menor vacilação. Afinal, quem está disposto a se gloriar dos bônus, deve assumir os ônus, integralmente.

Qualquer tentativa de transferir ao bottom qualquer grau de responsabilidade caso a prática tiver dado errada é, no mínimo, uma grandesíssima covardia! Relembremos o Parker: "Ao poder corresponde uma grande responsabilidade".

Antes que também contestem, existem sinais de sofrimento físico e moral excessivo em quaisquer lugares que se possa entrar, seja em manuais médicos, na internet, bastanto apenas uma boa pesquisa no planejamento das práticas.

Resumindo e abrindo espaço para a discussão: eu não sou daqueles que desacredita que São e Seguro sejam conceitos tão relativos a ponto de serem colocados em prática e nem tão absolutos a ponto de não se adaptarem a cada caso. Mais do que isso: quem manda, manda e quem manda responde, responsabiliza-se.

Quem quer ser Top não pode esquecer-se disso para a alegria de seu bottom e a sua própria. Boa sessão a todos, Tops e bottoms!

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Transformação (Janus SW)

O que mais queres que eu faça para te de convença que sei de tudo o que posso sentir em qualquer momento e de qualquer forma que quiseres? Queres, porvetura, que tudas carnes cedam ao meu chicote ou, ao contrário, queres tu, Suprema Fêmea, testar todos os meus limites, sem qualquer propósito de parar aos meus primeiros gritos?
Tendes tu, as garras de uma harpia que insandecida deseja retalhar minhas carnes até o mais fundo do meu desespero e das camadas do meu epitélio que se rasga com seda cortada pelo mais hábil dos artesãos.
Terá a minha pele, Fêmea Imensurável, em tuas unhas a mesma nobreza do seda na tesoura do artífice? Ou será apenas carne que se marque sem piedade mas sim entre as gargalhadas em expressão de teu júbilo que só é pleno ao ouvir-me gritar?
Bem sei, não queres que minhas mãos indignas toquem tua pele branca e teus cabelos na cor dos trigais para que não te macule com minha presença impura.
Sim, és a Dona, que não poupa seu arremedo de ser que se contorce em voluptosas contorções, atado pelas mãos, manietado com rigor.
- Chega! - dizes, ciosa e temente de minha respiração funda, de minha pele marcada. Esbofeteia-me e eu te suplico, no mesmo volume nos quais meus gritos enchem o ar que não pare, que me conduza até o paroxismo que só a dor intensa pode provocar.
Ries, como não poderia rir-te da ousadia?? Quem és tu - e bem perguntas - para ousar dizer o que devo fazer ou deixar de fazer?
Largas-me atado, pele sangrante de teus vôos de mitológica ave, minhas costas, fígado de um Prometeu jamais remido e uma tortura do abandono recém dado. Olhas para mim e rasga-me em seu desprezo e para que exerça mais o seu poder, desata-me, jogas-me aos seus pés, cuida de minhas feridas com sal para que eu grite enlouquecido no amor sagrado que subjuga o maior e , sem diminuí-lo, engrandece quem consegue tal fato.
E tu consegues, Imensa Fêmea, com olhos doces e expressão leve. Brincas com que te pertence, sem pudores, sem limites, livre , maiúscula.
A dor não me aniquila, me engrandece e me fez cada fez mais teu, Dona!

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PUMP IT ! LOUDER!!!

sábado, 15 de agosto de 2009

A educação dos sentidos - Parte 5 - The education of the senses - Part 5(Janus SW)




(Esta série é integralmente dedicada,
respeitosamente, a Domme Andrasta, RJ)

Segundos, minutos, horas... Quantos e quantos livros foram escritos para tentar estatuir o que seja o passar do tempo na mente humana e quais seus efeitos. No caso de aleph, essa soma, tão pensada e tão discursada, representou apenas um tipo de tortura a que sua Senhora o submetia para que, entre outros motivos, domasse a impaciência que o dominava.
Foram exatas duas horas, onde fora ordenado que permanecesse em suas acomodações até que o momento chegasse, não apenas de poder estar na presença de sua Senhora como também na de outra Domme a quem sua Dona mentorava.
Houve um tempo em que lhe repugnava pensar que pudesse ser "emprestado" por sua Dona para quem quer que fosse mas logo percebera que , ao acolher a coleira da Senhora, abdicara de sua vontade e que depositava imensa crença que Ela pudesse fazer tudo aquilo que não o ferisse mais do que o necessário para promover o prazer daquela que o tinha.
Podia sentir pela temperatura que a noite caia, saindo do calor que sentia até à pouco para um frio que começava a dominar. Sutilmente a porta abriu e pressentiu a figura de sua Senhora:
- Não deixe que o frio o atinja que temos uma longa noite pela frente. Banhe-se adequadamente e vista a roupa que eu lhe indiquei para dias frios. Será chamado quando for conveniente.
- Sim, Senhora...
Ela retirou a venda e , por um breve segundo, os olhares se chocaram e causaram um sentimento que dava conta da real posição de ambos no mundo e do laço que os unia. O que é um segundo senão todo o tempo, aquele mesmo no qual ansiara tanto? Exatamente, a sua conjunção e também tempo suficiente para tornar real um sentimento tão intenso.
Banhou-se com os sabonetes adequados, com os perfumes prescritos e vestiu as roupas cerimoniais que guardavam do frio e apenas aguardava apresentar-se para portar sua coleira, colocada pela própria Dona.
Cai a noite, avança, a campanhia, a Mentorada de sua Senhora chegara. De onde estava não conseguia ouvir o diálogo que se seguiu.
- Fico honrada que tenha decidido me instruir dessa forma, cara amiga. Fico sinceramente lisongeada!
- Não há de que, caríssima. Você bem sabe que tenho apenas uma a quem mentoro e não é por motivo outro senão reconhecer nela as qualidades e a intenção para bem seguir nessa senda.
- E quais são essas qualidades?
- Comportamento, carisma e aforça que legitiimam a dominação e trazem para a luz a submissão.
- Assim como aconteceu com vc e aleph?
- aleph está sendo educado, caríssima... Não é um sub acabado e espero que sempre tenha a aprender mas agora percebe que o mundo que rege todo nosso modo de vida não são apenas chicotadas e palavras duras mas é a submissão que se concede e domínio que se legitima. Tudo espero, tudo posso, tudo quero mas sei que um homem , assim como um submisso e uma mulher, assim como uma Domme , não se constróem senão na vida. aleph vive, eu vivo com sua Senhora e vc viverá com sua peça. Nada mais, nada menos, nem ansiedade e muito menos dor. Viver, cada dia e apenas isso.
Os olhos da Senhora brilharam e sua orientanda logo percebeu a intensidade do vínculo que A unia à aleph. Almejava também conquistar tal nível de intensidade de sentimentos e de possibilidades de domínio que sua grande amiga encontrava com aquele que tanto a fazia sentir-se bem, em plenitude e ter realmente prazer.
Sentia que a Senhora era feliz com aleph e seria mais ainda, tendo em vista a profunda reeducação , incialmente de seus sentidos, depois de todo o mais.
- Por falar em aleph, é hora dele apresentar-se á nós!
A Senhora tocou uma sineta que aleph, atento, ouviu imediatamente. Colocou-se em pé, ajustou a túnica que era a última peça a vestir e que jamais deveria parecer amassada ou rota, e dirigiu-se à sala. Ao chegar quase á soleira da porta da sala, postou-se de cabeça baixa e aguardando:
- Peço-lhe permissão, Senhora minha, para adentar ao recinto dedicado ao Seu culto.
- Tem permissão , aleph!
Entrou na sala e encontrou tanto a Senhora como Sua amiga, sentadas em uma cadeira de espaldar alto com as armas de sua Senhora entalhadas nele. Colocou-se de joelhos frente a sua Dona e beijou-lhe os pés envoltos pelas botas altas.
- aleph, saúde aquela que conhecerá como Domme e que deverá merecer de você o mesmo respeito e consideração que dedica a mim.
- Sim, minha Senhora. Saúdo a Senhora Domme e espero que possa proporcionar , dentro do que me cabe, tudo o que a Senhora queira e que lhe dê satisfação sendo que , assim, também concederei honra e glória à Dona minha, Senhora do meu destino.
- Grata, aleph.
- Agora, aleph, nos prepare o que havíamos combinado, exatamente da mesma forma que lhe recomendei. Quando tudo estiver pronto, basta anunciar da forma que você sabe que deve fazer.
- Sim, Senhora. Com sua permissão....
- Vá!
Retirou-se sem jamais dar as costas para as Tops presentes. Se isso não foi nada excepcional para a Senhora, fora para a Domme.
- Esse é o submisso que a Senhora diz ter de ser treinado?
A Senhora riu e respondeu afirmativamente com a cabeça. Domme aidna também deveria saber mais sobre o que significava dominar. No fundo, saberia que aquela noite, ao menos no básico, poderia aprender muito.
(Fim da 5a. parte)

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A letra de uma música da playlist do Mundo de Janus / A Song of the World of Janus playlist


FANTASTICA MÚSICA DO GRUPO ALEMÃO EINSTURZENDE NEUBAUTEN. EM NOSSA PLAYLIST

A FANTASTIC TUNE BY THE GERMAN GROUP EINSTURZEND NEUBAUTEN . YOU CAN HEAR IT IN OUR PLAYLIST



Seele Brennt

Ich bin die umstürzlerische Liebe
der Gegensex
Jeder Tag kostet mich Wunden
dabei bin ich schon jetzt
zerschunden und völlig blutverschmiert

Du fängst im Taxi an zu heulen
bloss weil ich sage
dass ich bei dem Konsum
in zwei Jahren tot bin
Alle Idole müssen sterben (Lachen)

meine Seele brennt
Ich versteck mich, sitz in meinem Loch
und warte auf die Träume, die mich retten (Kommen nicht)
Liebe ist ein Scheiterhaufen
auf dem ich langsam aber sicher
von innen her zum Rand verbrenne

Ich hab gekostet
bin zu weit gegangen
werd den Geschmack nicht los
Vielleicht ist nur entzündet
vielleicht ist nur entzündet, was da brennt
An Stelle meiner Seele
an der Stelle meiner Seele
meine Seele brennt!

Soul Burning

I am the subversive love
the counter-sex
every day costs me wounds
though I’m now already
wrecked and festooned with blood

You start crying inside the taxi
Just because I say
that I will be dead within two years
consuming these amounts
all idols have to die (laughter)

…my soul is burning
I go and hide, sit in my hole
and wait for the dreams to save me
(they don’t come)
slowly but surely
I burn at the stake of love
from deep within to without

I have savoured
have gone far too far
can’t get rid of the taste
perhaps it’s just inflamed
perhaps it’s just inflamed what’s already burning
instead of my soul
in the stead of my soul
my soul is burning!

Matéria prima para um texto SM? A good reason for a BDSM history?

Maude Fealy
Atriz / Actress

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Janus no Twitter!!! Janus at Twitter

Agora você também pode manter contato com Janus SW , via Twitter. Se você tem Twitter e quiser me seguir é só acessar o endereço @janussw. Se tiver algum evento em qualquer partee do Brasil ou do mundo, deixe seu recado que terei o maior prazer em divulgar. Espero vocês também lá

Hello folks! Everybody who enjoys our blog can also reach us through Twitter. Just join @janussw and know the very last news about the BDSM world. If you have any event anywhere in the world, please send me a message and I'll be very pleased to make more people know about it. I wait you all there!!!!

domingo, 9 de agosto de 2009

A cane e sua arte (Janus SW)

(Texto inspirado na foto acima)

Coloca-se deitada ao dispor de seu Senhor, esperando que a vara fosse retirada das matas ao redor da propriedade.
Logo ele surge com uma cheia de espinhos, sem qualquer menção de apará-los ou retirá-los.
Coloca perversamente frente aos olhos dela para saber o que espera, sem qualquer hipótese de reclamação já que é a vontade Dele, a única que impera, sem qualquer contestação ou reserva senão aquelas que combinaram na negociação.
Sádico? Talvez outras pessoas que não conseguem pereceber as sofisticada arte do espancamento podem objetar quanto essa prática.
Não há necessidade de amarras, elas as coloca em sua mente conquistada, em seu anseio de experimentar prover ao Senhor de si tudo o que ele mais gosta. A sua pele branca e imaculada no princípio, desperta no Senhor desejos maravilhosamente intensos.
Ele passa a vara lentamente nas nádegas da submissa, provoca com palavras:
- Consegue sentir os espinhos, menina?
Ela mal consegue responder, as palavras sufocam-se em sua garganta. Engole quase a seco, sabe o que vem em seguida, sabe da dor, sabe do prazer , sabe de todas as emoções, todas as vontades, todos os encantos de servir , apenas servir.
A primeira batida: a dor irradia-se como ondas no mar de seu ser, criando uma intensidade que varia do queimar ao marcar, chama em brasa sobre sua pele branca e nua. Faz menção em gritar, morde os lábios para não fazê-lo, esperando, quem sabe, que o Dono de si lhe dê mais em retribuição à ofensa presumida em desafiá-lo. Deseja, sim deseja e como deseja! Mil vezes, mil batidas com os espinhos.
Na verdade, melhor seria ter aquela cane de espinhos trançada em coroa que lhe ornaria os cabelos, pressionaria as têmporas, faria com o sangue vertesse, ao contrário de suas nádegas que apenas se marcaram pela primeira vez.
A segunda, anseia gritar não de dor mas de desejo sublime em obter mais. De que valem apenas duas? Mais uma , Senhor! Mais uma, por favor!!! As lágrimas em seus olhos revela que anseia tanto, tanto e tanto, que ousaria gritar que não parasse, jamais!!!
Terceira: sim, agora gritava, de dor sim mas uma dor desejosa. Sim, Dono, meu amantíssimo Dono, o que mais precisarei fazer para que castiguee a sua fêmea que quer ser vista como rebelde, sempre, para merecer todo o castigo que o Senhor poderia me dar?
Quarta: santa cane!Que natureza maravilhosa que produz o belo, o odor floral que me invade os olfatos de forma tão intensa e que une-se sabiamente à haste com os espinhos como o qual castiga o corpo submisso que estende-se à sua frente. Pronto! O Dono já tem as primeiras marcas para seu prazer e deleite, afirma-se , reafirma-se transforma o corpo de sua peça.
Quinta , sexta, sétima, oitava, nona, décima! Conta-as, conta-as entre os dentes porque não fora mandada fazer. Queria gritar que amava o Dono de si mas a demonstração maior de amor era permanecer com as expressões esperadas de uma submissa deve manter frente a quem lhe comanda.
Décima primeira: Dono! - grita de paixão, grita de dor, grita de vontade, mais , mais , mais , quero, ousa querer que essa cane arrase as nádegas em chamas, laceradas, roxas em marcas paralelas.
Décima-segunda: a cane bate próxima a cintura e pára, mesmo marcando decissivamente a pele para deixar marcas que durarão o tempo necessárias para serem lembradas para sempre.
Acaricia os cabelos da peça com um carinho imenso e também, porque não dizer, agradecido. Toda a submissão que se concede e que se toma, merece ser reconhecida e respeitada. Cuidou das marcas , tutelou sua peça até que chegasse a hora de dispensá-la para voltar à vida comum.
Ela, por sua vez, só podia agradecer ao Dono de si. Esperava , no futuro, viver isso e muito mais. Só cabia-lhe saudá-Lo e desejar-Lhe uma vida longa e sempre com possibilidade de serví-Lo da forma que melhor Ele quisesse.

(Homenagem às submissas, switcheres e demais pessoas que submetem-se à cane, um dos instrumentos mais intensos que existem no BDSM. Todos têm meu irrestrito respeito. Saudações!!)

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D.E.V.O - Whip it!!!




Crack that whip
Give the past the slip
Step on a crack
Break your mommas back
When a problem comes along
You must whip it
Before the cream sits out too long
You must whip it
When somethings going wrong
You must whip it

Now whip it
Into shape
Shape it up
Get straight
Go forward
Move ahead
Try to detect it
Its not too late
To whip it
Whip it good

When a good time turns around
You must whip it
You will never live it down
Unless you whip it
No one gets away
Until they whip it

I say whip it
Whip it good
I say whip it
Whip it good

Crack that whip
Give the past the slip
Step on a crack
Break your mommas back
When a problem comes along
You must whip it
Before the cream sits out too long
You must whip it
When somethings going wrong
You must whip it

Now whip it
Into shape
Shape it up
Get straight
Go forward
Move ahead
Try to detect it
Its not too late
To whip it
Into shape
Shape it up
Get straight
Go forward
Move ahead
Try to detect it
Its not too late
To whip it
Whip it good

sábado, 8 de agosto de 2009

A educação dos sentidos - Parte 4 - The education of the senses - Part 4 (Janus SW)

(Abstract in English in the end of the text in Portuguese)

- Quantas horas faz que chegamos, aleph?
Ainda com os tampões e a venda, aleph experimentava a desorientação e a experiência da privação dos seus sentidos à ponto de fazer perder o referencial do tempo, esse bem tido como um bem absoluto, como um indicativo de produtividade ou de criação de um valor próprio do serviço que fora prestado.
Essa privação, portanto, impedia que respondesse a pergunta feita pela Senhora. Poderia arriscar-se a expor sua ignorância?
- Senhora, não posso dizer a quanto tempo chegamos. A cegueira me deixa incapaz de perceber o tempo...
A Senhora nada comentou, apenas fez com que aleph ficasse ajoelhado frente a Ela e retirou-lhe primeiramente os óculos e depois, com bastante cuidado, os tampões dos olhos.
- Não abra seus olhos ainda, a luz não lhe fará bem. Lembre-se, aleph: assim como a luz que lhe permite ver, em excesso o cega e assim é com muita coisa na vida. Discipline suas emoções, a coloque a Meu serviço e a seu próprio, experimente, sinta com intensidade, viva com dedicação. É isso para que a Sua vida vale, para o serviço e para o aprendizado. Agora abra seus olhos, devagar.
aleph foi acostumando-se com a luminosidade e ajustou o seu olhar até distinguir a face serena de sua Senhora. Colocou-se com a cabeça na posição correta, baixa, devotada e esperou a próxima ordem.
- Banhe-se e vista a roupa que está em suas acomodações, no final do corredor à esquerda.
- Sim, Senhora. Com sua permissão.
- Pode ir, aleph.
Enquanto ele dedicava-se à higiêne e aos cuidados indispensáveis, a Senhora fazia uma ligação:
- Sim, caríssima, está correndo tudo bem, ele está se portando completamente de acordo. Agora, você bem sabe que a grande prova ainda está por vir.
- Olha... - disse a interlocutora, rindo - Você chega a ser cruel nessa sua forma de agir. Tem certeza que é isso mesmo que você quer?
- A quantos anos você me conhece, querida? Alguma vez tomei alguma decisão de afogadilho, sem pensar?
- Raramente, isso é verdade. Ok, está bem. Quando devo estar aí?
- Chegue às nove e meia e não se esqueça como deve proceder.
- Sim, claro. Obrigada pelo convite. Nove e meia da noite estarei aí.
- Ok, obrigada. Beijos!
Terminada a ligação, tomou em Suas mãos um estojo de madeira onde guardava pequenos frascos contendo amostras de perfume, inclusive aquele que usava, um amadeirado de fundo cítrico cuja apreciação requeria um cuidadoso processo de sensibilização e outro, de mesma base mas com notas diferenciadas que requeriam sofisticada apreciação para se distinguir do primeiro.
Deixou os pequenos frascos ao alcance e, pouco depois, aleph reaparecia na sala vestido com uma camisa e uma calça feitas de algodão, cor creme e descalço como convinha à um escravo. Ao contemplar sua Senhora, colocou-se de joelhos e fora orientado a ficar de costas para Ela que abriu o frasco do perfume que usava e disse a aleph que o apreciasse e disesse a constituição e o que sentia.
A resposta não A satisfez e fez saber isso com uma forte chicotada nas costas ainda cobertas. Advertiu-o mais uma vez:
- aleph, aleph... Não retroceda em seu trabalho e em suas conquistas. As provas que você enfrentará são as piores de sua vida de submisso e esteja pronto. A dignidade da coleira que portará será posta a público em breve e você não deverá me decepcionar, de forma alguma. Aprecie esse perfume, agora e descreva-me.
- É um amadeirado, Senhora.
- Apenas isso? Quais são as notas?
A Senhora sabia que aleph não desconhecia esse linguajar. Apreciador apurado de vinhos, aleph sabia o que eram as notas e que apenas são percebidas pela continuidade da apreciação. Afastou ligeiramente o frasco do nariz do submisso e recebeu a resposta que desejava:
- Notas cítricas, Senhora, provavelmente laranja e mais uma que não reconheço.
- Muito bem, aleph, muito bem...
Por algumas horas aleph dedicou-se a preparar a refeição de sua Senhora da maneira que mais a agradava, ou seja, com poucas carnes, uma profussão colorida de vegetais e legumes, frutas, sucos e alguns doces selecionados especialmente para a ocasião e preparados antecipadamente.
A guarnição deveria ser atrativa e todos os pratos seriam preparados de forma a agradar aos olhos, ao paladar e principalmente, gerasse a sensação de satisfação sem que muito se consumisse para que não ocorressem problemas digestivos de qualquer ordem.
Essa preparação consumiu praticamente 2 horas e aleph banhou-se novamente antes de servir sua Senhora que sentou-se à mesa da cabeceira e ordenou que todos os pratos fossem simultaneamente trazidos para sua apreciação e degustação.
Como bebida, um vinho que a Senhora deixara a escolha por conta de aleph que mais uma vez distiguira-se na tarefa. Tudo foi apreciado com especial carinho e só depois aleph teve permissão para alimentar-se e retiraram-se, cada um para seus aposentos para o descanso.
No meio da tarde, aleph começou a preparar a casa sendo finalmente informado que receberiam visitas durante a noite. O trabalho foi por várias vezes interrompido para que a Senhora submetesse o perfume ao olfato de aleph que não consegueria perceber o que estava para acontecer.
Finalmente, no final do dia, mais um banho, perfumes e o recebimento da nova coleira social, em aço polido e com um "S" gótico o qual considerou de rara beleza. Porém, não veria a Domme que chegaria dali alguns minutos.
A Senhora apanha um tecido negro e envolve seus olhos e devolve-lhe antecipadamente as trevas da noite que chegaria. aleph agora sofria de uma ansiedade indizível. O que viria a seguir?
(Fim da 4a. parte)

A time plenty of new situations to aleph: first , his Mistress released him from the darkness, removing the blindfold. As aleph left the room, the Mistress phoned to another Domme with a invatation to join then in the House, latter at night.
The Mistress introduced to aleph a perfume, wood with citric notes and he was asked to appreciate this scent but he didn´t knew why he should to this.
He dedicated the rest of the day to prepare the frugal meal of his Mistress and served before eating himself and to prepare the room for something that he just was informed latter.
As he recieved his social collar he became, once more anxious about what was about to happen.
(To be continued...)

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO E À COMPREENSÃO DOS FETICHES Victor{D}

Etimologia

Durante a época das Grandes Navegações, quando das incursões continentais na África por parte dos europeus, exploradores portugueses entraram em contato com uma prática dividida por diversas tribos: muitos dos africanos atribuíam uma força espiritual a certos totens, feitos a partir dos mais variados materiais, tais como ossos (animais ou humanos), ou gravuras em relevo. Esses objetos foram definidos como fetiches, palavra oriunda do português medieval utilizada para descrever certos objetos sagrados cristãos que cobriam o mesmo nicho cultural.
A partir de então, chama-se fetiche todo objeto ao qual é creditada uma força sobrenatural ou se presta culto: desde totens religiosos, passando pelas “relíquias” cristãs medievais, até itens que recebem, da superstição popular, certo valor fortuito, tais como a pata de coelho ou o trevo de quatro folhas.
Nos primórdios do estudo sobre a psicologia humana, em meados do século XIX, as primeiras mentes interessadas em estudar a sexualidade usaram o termo fetiche para descrever um interesse erótico/sexual latente em um objeto ou numa classe de objetos. A relação é que, da mesma forma que religiosos extraem força espiritual de algo inanimado, os fetichistas sexuais extraem seu prazer erótico de maneira similar.

Definição

Alfred Binet foi o primeiro a dar uma definição de fetichismo, descrevendo-o como o amor por determinadas partes do corpo. Em seu livro Psicologia Experimental, ele definiu o amor como “uma série de fetichismos complexos e interligados”. Porém, segundo o pensamento psicológico moderno, o fetichismo é conceituado da seguinte forma:
“Tendência erótica para objetos inanimados que, direta ou indiretamente, estão em contato com o corpo humano ou para determinadas partes do corpo da pessoa amada.”
Assim sendo, existem inúmeras possibilidades para o fetiche. Existem fetiches por pés, botas, roupas de couro, piercings e até bexigas de festas de aniversário. A conclusão óbvia é que todos são fetichistas, em maior ou menor grau. O fetichismo não é considerado um desvio quando o indivíduo não depende exclusivamente de seu fetiche para sua gratificação sexual.

Origens do fetichismo na psicologia humana

Existem poucas teorias baseadas em fatos a respeito do fetichismo, mas muitas assertivas. A mais difundida e aceita entre os estudiosos é a versão que reza que o fetiche tem origem na infância do indivíduo, originado por um sentimento de culpa intensa. O mecanismo postulado prega que, ao entrar em contato visual involuntário com a genitália de alguém, a criança irá desviar o olhar, movida por sensações de culpa e embaraço; e, ao se comportar assim, fará entrar em seu campo de visão algum outro objeto, sobre o qual projetará seu desejo erótico. Como conseqüência, anos mais tarde estará impossibilitada de sentir desejo pelos órgãos genitais sem ter sensações de culpa e embaraço, reminiscências do ocorrido na infância.
Dessa forma, segundo tal assertiva, uma criança que abaixe o olhar quando surpreende seu pai saindo nu do banho, deitando os olhos em seus próprios pés, irá se tornar um podólatra.
Freud acreditava que o fetichismo é causado por um “complexo de castração”, descrito como uma sensação inconsciente da parte do homem, onde este sente falta do pênis na mulher. Essa sensação de ausência faz o homem buscar “completar” a mulher com o auxílio de artefatos extras.
Mais uma assertiva tenta explicar o fetichismo como apego especial a determinado objeto; tal apego teria sido originado na infância, provocado pela ausência da mãe. O fetichista buscaria o afeto materno neste objeto e, ao crescer, manteria uma fixação neste objeto, agora com traços eróticos incutidos nele.
Nenhuma das assertivas acima citadas possui o devido embasamento para constituírem teorias cientificamente válidas. Algumas pesquisas da área de neurologia, porém, pretendem verificar a relação entre o comportamento fetichista e o estímulo químico de certas áreas do centro de prazer do cérebro. Tal estudo será essencial para elucidar várias pendências com relação ao comportamento fetichista.

Fetichistas não são pessoas doentes

O fetichismo, como toda forma de manifestação sexual diferenciada daquela socialmente aceitável, é alvo de preconceitos. Embora seja seguro dizer que, praticamente, todo mundo possui um fetiche, manifestações mais abertas de fetichismo são vistas com temor e repúdio. Uma das mais cruéis discriminações com relação aos fetichistas é afirmação que eles são doentes. Não há, porém, nenhuma base para que qualquer tipo de fetichismo seja declarado uma doença ou parafilia. Evidentemente, quando o fetichismo alcança um ponto tal que o indivíduo passa a exibir um comportamento obsessivo em relação ao seu objeto de desejo, o fetichismo deixa de ser saudável. No entanto, o comportamento obsessivo não é exclusividade de pessoas fetichistas; portanto, discriminar estas pelos seus fetiches é algo assaz ilógico.

Conclusão

O fetiche sempre esteve presente tanto na psique quanto na sociedade humana. Nas últimas décadas, foram dados os primeiros passos para a compreensão dos mecanismos psicológicos por trás do fetichismo. Embora ainda não se possa precisar sua origem, já se reconhece a sua existência. Com o advento da Internet, comunidades de fetichistas tornam-se gradativamente mais fortes e mais freqüentes. Atualmente, os meios de comunicação já usam extensivamente apelos fetichistas em anúncios publicitários. É apenas uma questão de tempo para que a sociedade reconheça seu inegável lado fetichista pelo que ele realmente é: uma faceta normal e saudável da sexualidade humana, sem falsos moralismos ou justificativas pseudocientíficas.

Bibliografia

- Rodrigues Jr., O. M., Objetos do Desejo, Ed. Iglu, 1991.
- Silva, V. A., Nossos Desvios Sexuais, Ed. Tecnoprint S.A., 1986.

Fonte: http://www.desejosecreto.com.br/fetiches/fetiches02.htm