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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Total Power Exchange (TPE) – Tradução: Janus SW

Power exchange (Troca de Poder ou chamada de Troca Erótica de Poder) refere-se a um submisso que transfere toda a autoridade para a responsabilidade do dominante. Pode ser aplicada à cenas individuais ou para toda a forma de relacionar-se um com o outro em todos os seus aspectos. A troca de poder pode aplicada a aspectos individuais como fazer amor ou finanças, até transferir toda a responsabilidade parauma pessoa  ou para um grupo dentro de uma perspectiva poliamorista. Freqüentemente é encontrada relação com o BDSM mas não é restrito à ela.
A troca de poder é uma dinâmica que envolve tanto corpo como mente, criando uma combinação entre os parceiros para criar um balanço entre o que consideram erótico e satisfatório.
Na forma mais familiar, a troca de poder é uma ocorrência espontânea entre os dois amantes. O espectro do compromisso na troca de poder BDSM varia de uma cena momentânea, passageira e bem definida, para uma forma testemunhada, o encoleiramento formal com uma concordância para governar toda a vida do submisso.
TROCA DE PODER ESPONTÂNEA
Poucos casais não experimentaram, pelo menos, alguma forma leve de troca de poder, como, por exemplo, jogar o parceiro na cama depois de um seqüestro simulado, brincando com vendas ou chamando o outro de “Mestre” ou “Dona” em uma cena de 10 minutos.
uma pessoa pode desejar e conscientemente abrir mão de sua autonomia, ou da dinâmica do poder pode surgir da química interpessoal na qual nenhuma decisão consciente é feita. Esse poder pode manifestar em uma infindável variedade de dinâmicas de relacionamento.
A troca de poder do BDSM começa em um nível suave com uma diferença: os parceiros entendem o que eles estão fazendo e consentem com isso.
A TROCA DE PODER PARA UMA CENA BDSM
Na sua forma mais básica, a troca BDSM pode acontecer em bases momentâneas, as quais podem ser tão simples como chamar o outro de “Senhor” ou “Senhora” durante uma sena ou atividade D/s especificamente criada para que essa troca possa ocorrer.
No nível psicológico, em muitas das atividades BDSM , existem limites na força que um dominante tem sobre seu submisso, tais como palavras de segurança (safeword), limites de tempo e/ou entendimentos explicitamente negociados do que é aceito. No BDSM “são, seguro e consensual” esses limites são sempre negociados. Após a play, os participantes podem discutir suas limitações físicas e psicológicas, estabelecer as palavras de segurança (que sinalizarão o fim da cena) e trabalhar as cenas nas quais se engajarão.
TROCA DE PODER POR TODA A VIDA
Algumas pessoas querem viver, conscientemente, em um relacionamento com trocada de poder, onde os parceiros fazem um arranjo que cobre todas as responsabilidades e deveres do submisso (s) e Dominante que tem a intenção de ser um comprometimento de longo prazo. Algumas relações de serviço são entendidas como de duração apenas enquanto o submisso mantenha seus padrões de performance.
Essa necessidade não incorpora quaisquer aspectos do BDSM, todavia existe quando um submisso deseja dar a responsabilidade de certos aspectos do seu estilo de vida ao Dominante. Algumas vezes, o arranjo de um relacionamento de troca de poder BDSM, envolve um encoleiramento formal, testemunhado, com um acordo sobre quais aspectos da vida do submisso o Dominante irá dirigir.
Muitas pessoas desejando um relacionamento baseado na troca de poder, rejeitam negociações extensas e dispensam o uso de palavras de segurança, preferindo aceitar um risco maior e facilitar uma interação mais “natural”. O conflito entre a necessidade do risco e a de estabelecer limitações e segurança, é o centro das controvérsias entre SSC e RACK.
QUANDO A TROCA DE PODER TORNA-SE “TOTAL”
Na sua forma mais intensa um submisso dá sua autonomia ao seu Dominante para governar todos os aspectos de sua vida. Essa forma de troca de poder geralmente é referida como Total Power Exchange (Troca de Poder Total) ou TPE, apesar de que essa expressão estava caindo em descrença porque é raro que uma troca de poder seja total. Nesse caso, e dependendo da interpretação de cada parceiro, todas as responsabilidades e decisões, em limites negociados e pré-definidos são dados pelo submisso ao Dominante. TPE tem lugar mais frequentemente na relação Mestre/escravo.
Talvez estranhamente, os acordos formais, especialmente os escritos, não são comuns no TPE. Isso é justificado na perspectiva que não há nenhum aspecto na vida do submisso que NÃO SÃO governados pelo dominante. Todavia, um entendimento entre as partes para o Dominador prover uma presença de vida toda na vida do submisso é necessário e é algumas vezes acompanhado por um encoleiramento formal. Os escaravos encoleirados têm responsabilidades e obrigações que variam de moderado à um gerenciamento extremo.
TIPOS DE CENAS DE TROCA DE PODER
AGEPLAY (CENA DE IDADE)
Nesse tipo de relação, uma pessoa finge ser um bebê, criança ou adolescente.
PROFESSOR/ESTUDANTE
Uma cena envolvendo açoitamento (floggin) ou sexo manipulativo.
ADESTRADOR E ANIMAL
Uma cena onde o submisso finge ser ou é forçado a agir como cão ou animal.
MESTRE/ESCRAVO
Momentos onde o Dono e o escravo interagem com vistas ao prazer mútuo.
TIPOS DE TROCA DE PODER TOTAL
CABEÇA DO CASAL
Muito próximo do casamento “tradicional” esse tipo de relacionamento que existem em muitas casas baunilha (pense na frase “quem veste as calças”). Ele está listado nesse site porque um relacionamento desta forma é conscientemente consensual, que envolvem ou são impostas ao outro parceiro.
DISCIPLINA DOMÉSTICA (DD)
Um relacionamento DD saudável mantêm-se porque um dos parceiros deseja ser disciplinando pelos outros e o outro deseja disciplinar, onde a disciplina é feita para o bem do outro parceiro ou da parceria em si. O propósito é diminuir os conflitos e promover harmonia, respeito mútuo e uma conexão mais próxima dos parceiros.
PAPAI/GAROTINHA OU PAPAI DOMINADOR
Um relacionamento dinâmico onde um dos parceiros toma uma posição reconhecidamente paterna com o outro parceiro. Aqui encontra-se uma diferença de idade mais notável do que em outros mas isso não significa que haja, de fato, uma diferença real de idade : o “pai” pode ser mais novo que “a menininha”. Confusamente, o “Papai Dominador” pode se ruma mulher mas na maioria dos relacionamentos heterossexuais, eles se referem com termos Mamãe/menino.
Dominante/submisso (D/s)
De acordo com algumas definições, todas as relações de trocad de poder são Dominante/submisso, exceto aqueles nde as partes normalmente trocam de posição (switcher). Um foco mais estreito do significado do relacionamento D/s, todavia, é o de pessoas que concordam em que um tem uma posição de domínio entre os outros.
TROCA DE PODER TOTAL (TOTAL POWER EXCHANGE – TPE) OU TROCA ABSOLUTA DE PODER (ABSOLUTE POWER EXCHANGE – APE)
Uma troca de poder extrema, usualmente usada como sinônimo de Mestre/escravo. Esse termo é mais frequentemente usado quando o submisso retém propriedade , agindo de moto própriio mas seguirá todas as ordens do Dominante.
Mestre/escravo (Master/Slave – MS)
Uma extrema forma de troca de poder, onde um parceiro considera o outro propriedade do outro, em todo o significado da prática. Apesar de ser dita como um grande negócio, é realmente raro devido ao alto nível de compromisso que o Mestre (Dono) e a profunda dependência que o escravo (Propriedade) deve estar pronto para aceitar.
(Fonte: http://www.londonfetishscene.com/wipi/index.php/Power_exchange)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Presença - Janus SW

Sabia muito bem como pegá-la desprevinidamente: um encontro casual, marcado com absoluta convicção do que queria, uma roupa ou ausência de uma peça de vestuário, uma espera que parecia não terminar e que a mantinha por muito tempo à mesa do bar, bebida previamente estabelecida, quantidade de doses igualmente, um convite a controlar a quantidade de bebida que jamais deveria deixar de estar em seu copo.
O garçom  não entendia o porquê dela não deixar que os copos, em número crescente, fossem retirados. 
- O senhor poderia deixar os copos na mesa, por favor?
Um balançar de cabeça e a velha frase que há doido para tudo e era isso no que ela estava pensando, no que significaria um dizer a qualquer um de seus fetiches, de sua quase tara por ser comandada. Talvez, em outras circunstâncias, ficaria absolutamente contrariada em sair de saia sem calcinha, como fora comandada hoje, até porque não é qualquer um que pode fazer isso mas ELE pode, quase ousaria dizer que ele DEVE.
Não ousaria olhar no relógio, nem aquele em seu pulso e muito menos no que encontrava-se na parede porque sabia no que aquilo poderia redundar em uma sessão extra de spanking ou de torturas diversas. Sim, claro, adorava ser submetida como ELE quisesse mas chegava um limite, aliás que o DONO conhecia muito bem mas que adorava ultrapassar.
Sim, ELE era dedicado, cuidadoso, obcecado por segurança mas também gostava de acrescentar momentos de puro sadismo, agulhas trespassadas, bicos presos em instrumentos de aço, spanking em áreas sensíveis que a faziam engolir a vontade de gritar e que O desafiavam de alguma maneira até que, vencida, deixava escapara os seus "ais".
Sentia uma umidade começar a brotar-lhe no sexo e cada vez mais conscientizava-se de que ELE a possuía totalmente. Seria possível negar? Como se cada vez mais sentia que seu sexo lubrificava-se com os licores do prazer que ansiavam pela posse DELE?
Mais uma vez resistiu ao impulso de olhar para o relógio mas não por medo e sim porque sabia que ELE era dono de si, do seu tempo, de todos os tempos. Se quisesse que ela esperasse o tempo todo, esperaria, se quisesse que ela fosse, iria, se quiser que ela desaparecesse, por mais que não quisesse isso (e ousava querer, silenciosamente), iria.
Desejo... As pernas sutilmente trançavam-se para dar conta do formigamento em seu clitóris que irradiava-se por seu ventre em ondas sucessivas e periódicas, tornando quase um martírio, o primeiro que ELE aplicaria na noite que caía sobre a cidade.
Os sinos da igreja ao longe informavam as horas mas ela não queria, não podia saber quantas eram e para isso distraiu-se na canção que não gostava mas servia para destraí-la dos sinos.
Fechou os olhos e quase sincronicamente sentiu uma mão forte e grande apertar-lhe o lado, com força.
- Dono! - exclamou quase sem fôlego tanto pela força da carícia como pela surpresa.
ELE nada falou mas apenas observou os copos que permaneciam sobre a mesa e os contou. Muito bem! Quantidade abaixo daquilo que que havia preceituado, o  copo pela metade, tudo corretamente feito.
O vestido que não ia além das coxas, sem sutiã, e deslizando as mãos sutilmente sob ele, não encontrou a calcinha como havia ordenado. 
- Que horas são, minha menina?
Tentou levantar os olhos que mantinha baixos mas foi impedida. 
- Não precisa ver... Diga-me que horas são?
- Eu não sei que horas são meu Senhor.
- Como não sabe. Faz pouco tempo que o sino da igreja tocou, deve tê-lo ouvido!
- Não, Senhor. Eu ouvi as primeiras badaladas mas não ousei contá-las.
- Porque?
- Porque o Senhor me ordenou que não o fizesse.
ELE sorriu satisfeito por tal manifestação de submissão. Decidiu premiá-la ao seu modo, entregando-lhe uma pequena sacola e ordenando que fosse à casa de banho. Quando preparava-se para sair, ELE sussurrou em seus ouvidos: 
- Atrás... e sorriu maliciosamente.
Ela imaginava o que isso significava mas não tinha certeza até chegar à casa de banho e abrir a sacolinha com uma calcinha combinando com seu vestido e um plug pequeno com um tubo igualmente pequeno de lubrificante.
Agora percebia que era exatamente o que pensava e lubrificando seu ânus, lentamente introduziu o plug naquele local, sentindo conforme o acessório alargava-se, diferentes sensações de dor e de prazer. 
Respirou fundo depois da introdução em seu orifício que apenas fora explorado por ELE e, entorpecida, apenas notou duas pequenas borboletas de metal ao dobrar a sacola de pano que havia duas pequenas borboletas de metal.
O celular dela toca, letras discretas no display moderno do aparelho: DONO. 
- Senhor...
- Achou as borboletas?
- Sim, Senhor! Acabei de encontrá-las.
- Bem.. muito bem.. Uma em cada bico e venha o mais rápido possível.
Abaixou o vestido a ponto que seus seios ficasse expostos. As borboletas eram mínimas mas tinham potência ao segurarem em seus bicos grandes e que ficaram duros com um misto de desejo e dor.
Vestiu a calcinha a ocultar o plug e colocou seu decote de forma as borboletas parecerem o menos possível. Retocou a maquilagem, sentiu o plug em seu orifício a ser pressionado enquanto andava.
Á mesa, seu DONO já pedira a conta e esperava por ela. Sorriu quando percebeu a marca do elástico da calcinha sob o vestido e já sabia o que estava guardado ali. Foram até o carro onde tirou as borboletas para alívio de sua peça.
- Muito bem, menina. Orgulho-me de você. Terá o direito de dormir na cama de seu DONO hoje.
Alegrou-se em seu íntimo: para isso fora feita, para servir, obedecer, ser tomada. Era feliz e uma noite de prazeres os aguardavam

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

BDSM e suas afinidades com o Jogo - Delmonica

       Muitas vezes ouvi a expressão Jogo Erótico para definir as práticas realizadas no BDSM. E tenho que admitir que há uma precisão nesta expressão. Em uma cena de bondage, disciplina ou sadismo/masoquismo, sempre 'algo' está em jogo.
       Consultando as teorias sobre jogo de H. Zondervan, encontramos vários conceitos que tentam definir as origens e os fundamentos do jogo. Mas todas partem do mesmo pressuposto: o jogo se acha ligado a alguma coisa que não exatamente o jogo. Todo bom jogador sabe e sente isso.
       A intensidade do jogo e seu poder de fascinação não podem ser explicados por análises biológicas. E, contudo, é nessa intensidade, nesse fascínio, nessa capacidade de excitação que está a essência e característica principal do jogo.
       A natureza podia nos ter oferecido outros caminhos para as descargas de energia, para a preparação às exigências da vida - no que se refere à compensação de desejos não satisfeitos -, mas ela ofereceu a tensão, a alegria, o divertimento e o prazer do jogo, que nos permitem elaborar modelos para a vida real, pessoal e social.
       Que modelos buscamos nos jogos eróticos? O que nosso mundo interior procurar elaborar a partir deles?
       Quando jogamos, acreditamos naquela realidade como autônoma; ela encerra um mundo em si mesma. Uma possibilidade de estar sendo, sem ser o tempo inteiro.
       Ao se jogar se estabelece uma ordem na imperfeição do mundo, uma perfeição temporária e limitada.
       Será que o BDSM por lidar com tanta intimidade e tentar ordenar a relação de poder pode estar 'ameaçando' de alguma forma as questões sociais e políticas do poder constituído a serviço do sistema?
       O que o homem fez ao elaborar a linguagem? Veja, de uma maneira ou de outra, ao dar expressão à vida, o homem criou um outro mundo que melhor o ajudasse a compreender o que e onde ele vive.
       Será que o BDSM não participa deste mesmo princípio?
       "O jogo é fundamentalmente um símbolo de luta, luta contra a morte." (Dicionário dos Símbolos)
       Os mitos são outro exemplo, bem mais elaborados, da capacidade de transformação de uma "imaginação" do mundo exterior pelo homem.
       Se BDSM é jogo erótico não deveria representar risco. Jogo, afinal, não é brincadeira? Diversão?
       Percebemos que jogos comuns, como o xadrez, o nosso futebol e mesmo os jogos feitos pelas crianças, são realizados dentro da mais profunda seriedade, não se vê nos participantes a menor tendência para o riso ou descaso.
       Claro, isso varia de jogador para jogador. Ocorre o mesmo entre os praticantes do BDSM.
       (Talvez o problema seja não limitarmos nossos "brinquedos" a um tabuleiro de xadrez, com suas pecinhas tão interessantes ou a uma simples bola... risos)
       "... O jogo é por si só um universo no qual através de oportunidades e riscos, cada qual precisa achar o seu lugar. O jogo não é apenas a atividade específica que leva o seu nome, mas ainda a totalidade das figuras, dos símbolos ou dos instrumentos necessários a essa atividade ou ao funcionamento de um conjunto complexo." (Dicionários dos Símbolos)
       Quando chamamos uma comédia ou uma farsa de "cômica", fazemos referência a situação e aos pensamentos ali expressos, e não ao jogo da representação.
       Como uma cena BDSM, o jogo está repleto de ritmo, harmonia, vivacidade. O jogo é livre, pelo fato dele próprio ser liberdade. O jogo é uma atividade voluntária; sujeito a ordens, deixa de ser jogo. (Como no BDSM, se forçássemos alguém que não aprecia a participar de uma cena de spanking ela deixaria de ser uma cena, passaria a quebrar todas as regras de SSC. Estaria se tornando uma legítima vítima, digna de estar na galeria dos personagens do Marquês de Sade. Estaria sendo submetida apenas à violência, à coação.)
       Para uma pessoa adulta e responsável o jogo poderia ser completamente dispensável.
       Mas por que não acabam com os campeonatos de xadrez? E por que o BDSM não é tratado pelos seus adeptos como algo supérfluo?
       Tem-se uma necessidade urgente do prazer por ele proporcionado, transformando-o em necessidade.
       O jogo jamais é imposto pela necessidade física ou por dever moral. É possível adiá-lo ou suspendê-lo a qualquer momento. Não é tarefa. Liga-se à noção de obrigação e é dever apenas quando constitui uma função cultural reconhecida, como no culto ou ritual.
       Mas, uma coisa é certa, o jogo não é vida corrente ou vida real. É uma evasão da vida real para uma esfera temporária de atividade com orientação própria.
       Costuma-se dizer que jogos são tensos. Tensão significa incerteza, acaso e emoção. O jogador quer acabar com a tensão.
       Que tensão queremos encerrar ao nos envolvermos nos jogos eróticos do BDSM?
       Embora o jogo, enquanto jogo, esteja para além do bem e do mal, o elemento de tensão lhe confere um certo valor ético, na medida que está se colocando em prova as qualidades do jogador: seja habilidade e técnica ou coragem e tenacidade.
       E, apesar de nosso tremendo desejo de "ganhar" o jogo, de satisfazermos nosso desejo, de darmos vazão à tensão... temos que seguir as regras. A desobediência às regras implica na derrocada de toda imaginação... O jogo acaba, o apito do árbitro quebra o feitiço e a vida real recomeça.
       Um jogador que ignore as regras, é um "desmancha- prazeres". E há os que fingem jogar honestamente, fingem seguir as regras, mas não o fazem. São os "desonestos".
       Engraçado perceber que tanto num jogo convencional, quanto no BDSM, aceitamos com mais facilidade o jogador que é desonesto... mas não toleramos o "desmancha-prazeres". Provavelmente pelo fato do "desonesto" aparentar reconhecer o círculo mágico do jogo e o "desmancha- prazeres" abalar a existência ou continuidade do jogo. Felizmente, nenhum dos dois está apto a integrar uma comunidade permanente, mesmo depois de acabado o jogo.
       Quando partimos para uma cena BDSM, ou uma Play Party, vemos repetir-se mais uma das características do jogo: o ar de mistério. É difícil para um novo "jogador" dar este passo. Fazemos do jogo um segredo. E o encanto do jogo aumenta por isso. Fazer dele um segredo é, no mínimo, conferir-lhe ilusão... (palavra cheia de sentido que significa "em jogo"- de inlusio, illudere ou inludere).
       As comunidades de "jogadores" tendem a tornar-se permanentes, mesmo depois de acabado o jogo. A sensação de estar separadamente juntos, numa situação excepcional, de partilhar algo importante afastando-se das regras habituais, conserva sua magia para além da duração do jogo.
       O encanto do BDSM está, sem dúvida, na mágica de nos transportar para longe de nosso "eu" cotidiano, sem contudo nos deixar perder inteiramente o sentido da "realidade habitual". A qualquer momento é possível à vida quotidiana reafirmar seus direitos, seja devido a um 'impacto exterior' que venha interromper o jogo, por um afrouxamento das intenç&oatilde;es, uma perda do espírito do jogo, uma desilusão ou desencantamento ou devido a uma quebra das regras.
       O BDSM esbarra, necessariamente, em valores morais, que implicam na noção do binômio vício-virtude.
       Mas o conceito de jogo, enquanto atividade não material, não desempenha função moral.
       Ora, se o jogo, como nas fantasias sexuais, se baseia na manipulação de certas imagens, numa certa imaginação da realidade (ou seja, a transformação desta imaginação em realidade), nossa preocupação deverá voltar-se para o valor e o significado dessas imagens e dessa "imaginação".
       Sendo assim, o BDSM pode ser tratado como fenômeno cultural? Será que o BDSM não é uma forma de expressão de uma sexualidade que só escandaliza por estar vinculada a uma "estética" ainda não compreendida ?
       Mas é importante notar que o jogo erótico deixa sempre transparecer a espontaneidade mais profunda, as reaç&oatilde;es mais pessoais às press&oatilde;es de nossa vida externa, e talvez aí resida sua complexidade.
       Bem, esse foi apenas mais um exercício de reflexão sobre a natureza e significado do jogo para o BDSM, aliás, com mais questionamentos do que afirmaç&oatilde;es, uma tentativa de situar o BDSM para além dos parâmetros da 'doença' ou 'anormalidade'. Talvez, juntando mais elementos possamos começar a formar as bases que levem à compreensão dessa prática e de nós mesmos!
"Eu vivo bem o século que passa.
Sente-se o vento de uma folha imensa
Escrita por deus, e por ti e por mim,
De mãos estranhas a pender suspensa.

Percebe-se o clarão de uma página nova,
Sobre a qual tudo pode vir a ser.

As calmas forças testam-lhe a extensão
E trocam olhares na escuridão."

Rainer Maria Rilke,
O Livro das Horas




 Publicado originalmente em Desejo Secreto 
(http://www.desejosecreto.com.br/teoria/teoria12.htm)

domingo, 19 de setembro de 2010

BDSM

Existe uma discussão imensa sobre coisas "apropriadas", "não apropriadas", "verdeiros Tops/bottoms", "falsos Tops/bottoms". Nesses aspecto, bem se pronunciou o caríssimo amigo Lestat D´Ladonia. Faço dessas palavras minhas e essa é minha posição. 




Boas tardes Profane, lista
Saúdo à T/todos.
Ainda tentando digerir o "BDSM puro e livre de intenções e prazeres carnais". Mas então o que é o BDSM senão uma prática hedonista, onde busca-se o prazer?
Prazer de um lado em servir e de outra a controlar. Prazer de conduzir e de ser conduzida, de ultrapassar barreiras, norteando-se sempre pela segurança e bom senso, pela firmeza de caráter que define o BDSMista, ou pelo menos deveria definir.
Fora isso, a questão do com sexo ou sem sexo, com penetração ou não, é uma questão do par que ali se formou, independente da escolha das partes, o importante é ter o prazer na relação. Se ambos estão satisfeitos, não vejo o porque do problema. Há sempre a premissa da quebra do contrato para qualquer um dos lados que não esteja satisfeito com o relacionamento, premissa esta implícita na própria liturgia (se é que esta existe, hoje já começo a duvidar um pouco).
O que ocorre hoje e acho que sempre ocorreu no BDSM, porém de uma forma mais velada, é que muitos(as) procuram por namorados(as), por amantes; ainda por uma pegada diferente, mas sem que haja compromisso entre as partes; procuram por algo que não lhes é proporcionado em casa, entre tantas outras variantes. E acabam encontrando muitas vezes, mesmo que troquem de "Dono" ou "submissa" milhares de vezes no ano. Pois acredito que para cada panela há uma tampa certamente, e o BDSM, virou uma espécie de ponto de encontro para àqueles que querem algo diferente.
O porque disso? Porque há distorção no âmago da definição do BDSM aqui, porque a sociedade BDSMista aceita muitas vezes e até aplaude, porque todos nós, eu inclusive, muitas vezes fazemos vistas grossas.
Acredito sim, que todos tem direito à estes prazeres, é inerente ao ser humano buscar por eles.
Esquecem porém, que o BDSM não é o algo diferente. BDSM tem regras e regras claras para aqueles que querem ver, porém, em nome deste mesmo prazer que ele pode proporcionar, jamais foram escritas definitivamente, o que as tornaria engessadas por demais, então simplesmente dizemos que o BDSM é o SSC, RACK ou qualquer coisa assim, que tenha uma relação de troca de poderes consensual.
Agora posso afirmar, BDSM é isso sim, uma relação de troca de poderes consensual, onde um e apenas um manda e outro obedece, dentro de uma racionalidade e com parâmetros de segurança. Regido pela Liturgia (com mais ou com menos, não importa, mas que esta esteja presente). E ainda que nesta relação, as partes aceitem, na forma que é esta tal liturgia, sem ajustes pessoais, para dar um "jeitinho" nisso ou naquilo. BDSMista é estudioso da arte e com isso busca aprimorar sua técnica. É consciente do que faz e não um desmedido. Para o TOP, é cauteloso, pois sabe a preciosidade que tem em suas mãos (é uma vida a conduzir). E facilmente pode ser definido pela palavra austero.
Quem é BDSMista sabe que é. Aqueles que estão no meio somente para alcançar outros objetivos, também sabem, porém, sentem-se completamente confortável com a situação que se encontra a sociedade BDSMista hoje.
A questão que levanta, serve para os dois lados, "o que seria submissa de verdade" deve vir sempre acompanhado pelo "o que é ser Dominador de verdade"? E o que busca no BDSM? Com isso, acredito que a pessoa pode tornar-se mais consciente do que quer e saber definitivamente se é ou não BDSMista, ou então encontrar a resposta que tanto deseja. Lembrando sempre que quando adentra-se à um grupo, segue-se as regras ditadas pelo mesmo. O BDSMista se enquadra no BDSM e não o contrário.
Mas este é apenas meu ponto de vista.
(Publicada originalmene na lista BDSM)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Esse blog está em férias!!! eeeeeeh / This blog is pretty vacant!!!!!


Pessoal do blog: estou em férias! 
Volto logo!!!
Saudações


Blog People: I´m in vacations!
I´ll be back soon!
Regards!

sábado, 4 de setembro de 2010

O simbolismo da coleira para um submisso - Ian@

Há meses atrás, assistindo ao show da Adriana Calcanhoto, dei boas risadas com um comentário que ela fez, sobre como se comporta quando é convidada para um trabalho. Dizia ela que sua primeira reação era ficar honradíssima com o convite, aceitar e só então, começar a pensar nas dificuldades que o trabalho traria.
Lembrei disso depois que aceitei – honradíssima – a sugestão de minha amiga Liu*, para escrever sobre o tema proposto.
Meu primeiro impulso foi começar a escrever freneticamente, sobre o que significa para mim o uso da coleira. Depois achei que se escrevesse assim, seria apenas um relato pessoal sobre o uso da coleira e eu não queria um texto apenas pessoal.
Minha segunda atitude foi procurar no dicionário um significado para a palavra “coleira” e assim encontrei no Larousse Cultural (1999, p. 243):
“COLEIRA s.f. (Do lat. collarium) 1. Correia de couro ou de metal que se coloca no pescoço de certos animais para prendê-los, fazê-los trabalhar, reconhecê-los, etc. – 2. P. ext. Colar, argola, gargalheira. – 3. Sujeito velhaco, mau pagador.”
“Reconhecê-los”… foi essa a única parte da definição que me chamou a atenção; pois num mail de minha amiga Danna, ela já utilizara, entre outras, essa expressão: “a coleira é uma aliança entre o Dominador e sua escrava, é a prova que sua submissão é reconhecida por ele, então a coleira vem como prêmio (…)” (o grifo é meu). Sem dúvida, uma maneira encantadora de colocar a situação, mas eu imaginei que deveria haver algo mais. Também atentei para o fato de que, no dicionário, os termos “colar” e “argola” são apresentados como equivalentes de coleira.
Um pouco frustrada diante da descrição tão sucinta encontrada no dicionário, foi que me lembrei das aulas de Lingüística que tive na faculdade e de algumas aulas específicas em que se discutia o que era e quais eram os objetivos da semântica.
Quando falamos em “simbolismo”, este sempre vai evocar o “significado”; e o significado vai evocar a semântica. Para utilizar uma definição simples, a semântica é uma disciplina da Lingüística que estuda o significado em linguagem. Em semântica, segundo Maria Helena Marques, (1999, p.61) é possível entender por um lado,
“que uma palavra tem tantos sentidos quantos sejam as suas diversas realizações contextuais. De outro lado, pode-se interpretar que a indeterminação inerente ao significado decorre de uma palavra ter um sentido básico, a que se somam fatores contextuais lógicos, emotivos, combinatórios, evocativos e associativos, que introduzem nuances interpretativas diversas, no mesmo significado básico.”
Isto posto, percebi que tinha encontrado no dicionário apenas o sentido denotativo do termo, então precisava encontrar o(s) sentido(s) conotativo(s), que obviamente deveriam existir e que, provavelmente, viriam ao encontro de tudo que realmente sinto quando tenho uma coleira em meu pescoço.
Impávida, fui atrás de Dicionários de Símbolos. A primeira dificuldade foi encontrar o termo “coleira” descrito em algum dicionário. Não o encontrei. Em Chevalier & Cheerbrant (1999, p. 263), encontrei em “colar” uma referência à coleira:
“Afora seu papel de ornamento, o colar pode significar uma função, uma dignidade, uma recompensa militar ou civil, um laço de servidão: escravo, prisioneiro, animal doméstico (coleira). De modo geral, o colar simboliza o elo entre aquele ou aquela que o traz e aquele ou aquela que o ofertou ou impôs. Nessa qualidade, liga, obriga, e se reveste, por vezes, de uma significação erótica. Num sentido cósmico e psíquico, o colar simboliza a redução do múltiplo ao uno, uma tendência a pôr em seu devido lugar e em ordem uma diversidade qualquer, mais ou menos caótica. (…)”.
Aqui encontrei mais uma definição que se afina com os meus sentimentos: “um laço de servidão: escravo, prisioneiro, animal doméstico(…)”. Ter com alguém um laço de servidão implica sempre numa entrega sem reservas. Essa entrega, por vezes, cria uma situação contraditória: “a sensação de que quanto mais me ajoelho aos seus pés, quanto mais o reverencio, quanto mais te pertenço… mais sou livre. Livre para me entregar pra você sem reservas, livre para viver essa fantasia, livre para recusar o que não mais me apetece na vida, livre para erguer a cabeça e me orgulhar de ser sua escrava. Parece contraditório: uma escrava se sentindo livre, orgulhosa. Mas eu tenho orgulho, meu Dono!!! Tenho sim!!! Tenho muito orgulho de pertencer a você, de ser para você que entrego minha fantasia, tenho orgulho do homem maravilhoso a quem reverencio. Não me sinto diminuída por me ajoelhar aos seus pés; pelo contrário: quando me ajoelho aos seus pés, sou a escrava que você escolheu; sou a mulher que compartilha suas fantasias; sou a puta que te dá prazer; sou a cadela que se entrega a você. Por essas e por outras várias razões é que tenho orgulho da minha condição. Não da minha condição de escrava; mas da minha condição de SUA escrava… não por ter um Dono, mas por VOCÊ ser esse Dono…”.

“De modo geral, o colar simboliza o elo entre aquele ou aquela que o traz e aquele ou aquela que o ofertou ou impôs. Nessa qualidade, liga, obriga, e se reveste, por vezes, de uma significação erótica”. Sobre a significação erótica, encontrei também em Cirlot (1984): “Por sua colocação no pescoço ou sobre o peito adquire relação com estas partes do corpo e os signos zodiacais que lhes concernem. Como o pescoço tem relação astrológica com o sexo, o colar simboliza também um vínculo erótico”.
A idéia de que a coleira crie um vínculo erótico, não causará surpresa a nenhum(a) submisso(a). Qual de nós, submissas, ainda não sentiu no ritual de colocação da coleira, aquele desejo. Aquele desejo que se espreme garganta abaixo e acaba por se derreter em secreções ovarianas. Qual de nós nunca ficou molhada durante o ritual de colocação da coleira???? Ah!!!!! Sem dúvida há o vínculo erótico, inquestionável.
“Num sentido cósmico e psíquico, o colar simboliza a redução do múltiplo ao uno, uma tendência a pôr em seu devido lugar e em ordem uma diversidade qualquer, mais ou menos caótica. (…)”. E em Cirlot: “No sentido mais geral, o colar composto de múltiplas contas enfileiradas expressa a unificação do diverso, quer dizer, um estágio intermediário entre o desmembramento aludido por toda multiplicidade – sempre negativa – e a verdadeira unidade do contínuo”.
Aqui falamos de mais uma maneira de entender o uso da coleira, ainda segundo Danna – num texto inédito: “(…) É deixar que todo esse envolvimento mude minha maneira de ser, e verificar que isso afetou para muito melhor meu relacionamento com outras pessoas (…)”.
Também não causa nenhuma surpresa a um(a) submisso(a), perceber como o uso da coleira altera, por via de regra para melhor, nosso comportamento de maneira geral. É como se, realmente, as coisas fossem colocadas em seus devidos lugares. Dúvidas desaparecem, sentimentos menores são deixados de lado, picuinhas perdem sua importância. Nos tornamos mais belos, mais sensuais, mais receptivos. E como a linguagem corporal é poderosa, recebemos de volta, das outras pessoas, tudo de bom que passamos para elas, mesmo inconscientemente.
Chevalier & Cheerbrant sugerem que se veja o significado de “círculo” (1999, p. 254). O círculo apresenta uma quantidade enorme de significações, mas uma determinada parte do texto me chamou a atenção. Trata-se da passagem em que se toma o círculo (e suas representações – colar ou coleira aí incluídos) como um símbolo de proteção e de alma cativa. “
(…) Em sua qualidade de forma envolvente, qual circuito fechado, o círculo é um símbolo de proteção, de uma proteção assegurada dentro de seus limites. Daí a utilização mágica do círculo, como cordão de defesa ao redor das cidades, ao redor dos túmulos, a fim de impedir a penetração dos inimigos, das almas errantes e dos demônios. Há lutadores que costumam traçar um círculo em volta do seu corpo, antes de travar o combate. O círculo protetor toma a forma, para o indivíduo, da argola (ou aro), do bracelete, do colar, do cinto, da coroa. (…) Esse mesmo valor do símbolo explica o fato de os anéis e braceletes sejam retirados ou proibidos àqueles cuja alma deve estar livre para evadir-se, como os mortos, ou para elevar-se em direção à divindade, como os místicos. (…)”
A coleira me dá essa sensação de que minha alma não pertence mais somente a mim… minha alma tem um Dono… o mesmo que me colocou a coleira em torno do pescoço. É um pacto. Esse pacto, simbolizado pela coleira, me protege. É como um lembrete: lembra aos outros, que não pertenço a mim mesma; lembra a mim, a quem devo reverenciar. “Há uma passagem no romance “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago (1995, p.172), em que uma determinada personagem, assim se expressa: “Cala-te, disse suavemente a mulher do médico, calemo-nos todos, há ocasiões em que as palavras não servem de nada, (…)”. É exatamente assim que me sinto agora: não gostaria de ter que falar ou escrever. Gostaria apenas de estar ajoelhada aos seus pés, aninhada no seu colo, como fiquei várias vezes enquanto estive na sua companhia. Gostaria apenas que pudesse me ver assim: aos seus pés, de olhos baixos. Gostaria que você colocasse os dedos sob o meu queixo e erguesse meu rosto para você. Que me fizesse te olhar nos olhos. Se isso fosse possível, não precisaria mais das minhas palavras: nem as faladas, nem as escritas; pois veria tudo em meus olhos, veria tudo na minha postura. A linguagem do meu corpo seria clara e suficiente, para que você entendesse e acreditasse que sou sua; que pertenço a você e que não existe nada que tenha força para mudar essa situação.”
É isso!!!!! Em última análise: a coleira dispensa palavras!

Referências Bibliográficas
CHEVALIER, J; CHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos. 14a ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.
CIRLOT, J. E. Dicionário de Símbolos. São Paulo: Moraes, 1984.
GRANDE DICIONÁRIO LAROUSSE CULTURAL DA LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Nova cultural, 1999.
MARQUES, M. H. D. Iniciação à Semântica. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a Cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
P.S.: as partes do texto que estão em itálico, são fragmentos pertencentes a diversas cartas escritas por mim, onde tive a oportunidade de expressar opiniões pessoais sobre como me sentia usando uma coleira.
Em 16/04/01 (tarde de outono em Curitiba)
(Fonte: http://www.desejosecreto.com.br/bottoms/bottoms06.htm)