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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Refletindo acerta do "Decálogo" (Janus SW)

Primeiramente, gostaria de desejar um FELIZ 2012 a todos os leitores de nosso "blog"! Retornando à ativa depois de um período de ausência dado, principalmente, pelo excesso de trabalho, nosso famoso ganha pão.

Pois bem, nesse retorno eu gostaria de submeter à um cotejo um texto que escrevi a muito tempo e que consistia em um decálogo referente às qualidades que uma submissa deveria ter para que merecesse a coleira de Janus.
Antes de quaisquer comentários, vamos reproduzir o tal decálogo:

1. Devotamento inquestionável ao seu Senhor. 
2. Obediência irrestrita ao que lhe é mandado fazer ou não fazer. 
3. Confiança que o seu Senhor tutela pela sua saúde, segurança e bem estar. 
4. Saber que o direito à voz não prescinde da sabedoria do silêncio. 
5. Ter claro que seu Senhor é o centro de sua vida e nada é mais importante do que a satisfação de quem a tem. 
6. Saber que sua vida profissional e pessoal será resguardada mas esse resguardo não a desobriga, em nenhum termo, das condutas convenientes à uma submissa. 
7. Nenhum contato pessoal serão proibido exceto aqueles que ofereçam risco físico e/ou moral à submissa sendo que em todos esses casos será o Dono que tomará as devidas providências. 
8. Honestidade, transparência e lealdade são qualidades essenciais. 
9. O direito à devolução da coleira é assegurado a quem não puder ou não desejar portá-la. 
10. Ter claro que a vida BDSM é algo sério e como tal será conduzido.

Ao ler, confesso, não posso evitar pensar que esse tal decálogo tenha muito de ingenuidade mas devo reconhecer, sem qualquer modéstia, que é algo que tenho a honra de realizar. No entanto, no que ele implica?

1. Obediência absoluta é de fato desejável?

Aqui, antes de qualquer coisa, gostaria de fazer uma observação fundamental: a questão não se coloca quanto à obediência, o que não faria o menor sentido mas o que segue à palavra obediência, ou seja, "irrestrita".
Sigo afirmando o que quem me lê a algum tempo sabe: irrestrito é algo que deve ser visto com bastante cuidado. Irrestrito é sem limites, sem balizas, de forma que desafie qualquer limite. É disso que estamos falando? Espero que não porque não é esse o meu conceito de vida, sexualidade e de BDSM. 
Pensando como alguém na posição de submissão, a obediência não pode prescindir de um olhar voltado para si mesmo, apesar de várias declarações de obediência absolutamente irrestrita. Se esse olhar faltar, cabe ao Dono ou Dona dar conta desse cuidado.

2. Confiança que o Top cuida de sua saúde, bem estar e segurança

Vamos e venhamos: será que alguém em sã consciência se sujeitaria em submeter-se em alguém que não tivesse o mínimo respeito por quem se submete? Que ninguém tenha ilusão: o cuidado de saúde, bem estar e segurança é fundamental para quem quer dominar e para quem quer se submeter, principalmente o primeiro.
Demonstrações concretas de cuidado e de respeito pelo submisso são condições fundamentais para que não existam fatos a se lamentar nem tão pouco aquela vitimização que coloca "Doms e Dommes vilões" e "subs inocentes vítimas deles".

3. Saber que sua vida profissional e pessoal será resguardada mas esse resguardo não a desobriga, em nenhum termo, das condutas convenientes à uma submissa. 


Não conheço muitos casos entre meus amigos onde um dos dois membros da dupla (ou demais arranjos) não trabalhe ou desempenhe alguma atividade profissinal autônoma e isso, ao menos para mim, tem implicações importantes no que se refere ao cuidado que o Top deve ter no exercício de seu mando.
Por mais que desejemos, esse mundo não é necessariamente tolerante com a diversidade, seja racial, de credo, de concepções de mundo e de sexualidade, especialmente com coisas que não compreendem como o BDSM por exemplo.
No entanto, cada um de nós tem de ganhar o pão de cada dia, não é certo? E como fica essa questão de possíveis "impulsos de intereferência"? Acredito que aí deva existir uma dose reforçada de bom senso e o respeito pela vida privada de nossos queridos e queridas "bottoms".
O mais importante, na minha concepção, é estar "presente" na vida de nossos bottoms em profundidade, na consciência e na alma de cada um deles o que implica estrita observância das posturas e atitudes dignas de cada um, configurando-se o real domínio.

4. Honestidade, transparência e lealdade são qualidades essenciais. 


Fico pensando aqui o quanto isso é fundamental para QUALQUER relação humana  e não apenas no BDSM! Penso também o quanto deve-se criar uma atmosfera onde a livre expressão, resguardado o respeito devido, a lealdade e a transparência , significando menos fazer da vida "um livro aberto" mas sim responsabilizando-se pelo que se faz, jogando limpo, sejam coisas que se imponham pelo convencimento e pela cumplicidade entre Top e bottom, não transformando o domínio numa atividade ditatorial e de falas duras e berros!
Sinceramente, para mim domínio jamais foi uma estrada de via única mas que se reafirma pelo diálogo, por poder olhar nos olhos e aprender cada vez mais. Fora disso, a ditadura só é justificável na fantasia de ambos e não apenas de um.


5. Ter claro que seu Senhor é o centro de sua vida e nada é mais importante do que a satisfação de quem a tem. O direito à devolução da coleira é assegurado a quem não puder ou não desejar portá-la.

 São coisas diversas mas que têm muito a ver uma com a outra. Ter clareza de que a satisfação de seu Senhor ou Senhora é central é garantia de exercício de todos os demais itens, de garantir sua satisfação pelo serviço que é dignificado pelo prazer que proporciona.
No entanto, a vida é dinâmica, os relacionamentos SM ou baunilhas vão se transmutando e por conta disso, muitas vezes, não conseguimos dar conta de comandar ou servir. Tanto quanto tomar a coleira, devolvê-la é um gesto, ao menos para meus olhos, de extrema dignidade!
Longe de ser um gesto de fraqueza significa um reconhecimento de suas limitações, do respeito, consideração e lealdade que todo Top merece. Melhor assim do que terminar "relacionamentos" de forma desgastada e desgastante, gerando aborrecimentos e ressentimentos onde deveria apenas existir boas lembranças e satisfação.

Por fim, algo que tenho procurado sempre manter em mente em minhas ações dentro do BDSM: BDSM é coisa séria e assim deve ser tratada. Infelizmente, vemos por aí que há muita brincadeira em meio a gente que se diz séria mas que prefere esquecer das graves conseqüências físicas e emocionais que a nossa prática enseja e que cautela e respeito devem ser sempre a tônica.
Em uma sociedade cada vez mais individualizada, preconceituosa e que não coloca outro limite senão o desfrute individual, agir com conseqüência é um grandíssimo desafio para todos nós. Que estejamos à altura dela.

Saudações SM

Janus SW

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