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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A Educação dos Sentidos - Parte 13 - The World of Janus - Part 13

(Dedicado à Domme Andrasta)

Uma hora amarrado no pelourinho fizeram aleph sentir-se agustiado depois de ter sido açoitado por duas vezes como a Senhora havia dito que faria. Tanto ela quanto Domme revezaram-se em manter viva na cabeça do submisso a intensidade da busca que ainda estava por ser feita e que deveria produzir algum fruto de imediato.
Sentia que a dor do corpo, aquela que inconscientemente enunciara equanto dormia aos pés de sua Dona, tornava-se progressivamente inferior àquela gerada pela reprovação de sua conduta por uma lição que ainda tentava extrair de tudo o que acontecer naquela e nas outras noites e que lhe era constantemente cobrada pela Senhora.
Pouco antes, na primeira sessão de açoitamento, vinte e cinco vezes as tiras de couro cuidadosamente finalizadas em um pequeno nó e queimadas lhe vibraram pela carne, manejada com destreza pela Senhora que lhe poupara de maiores flagelos depois dos fios de aço que lhe lasceraram a carne anteriormente.
- Tem algo a me dizer, aleph?
Mesmo voltado de costas à Senhora e ainda trazendo nas costas o calor do açoite, podia ver, de forma claríssima, a expressão de sua Dona. A Senhora não perguntava sem doçura mas não sem uma agudeza que pressionava, deixava sem alternativa, impunha.
- Senhora... - murmurou
- Diga aleph...
- Temo falar o que não devo e não posso.
A Senhora sorriu contidamente mas sem deixar de ser percebida. Deslizou o açoite pelas costas de aleph e disse que esperava que em breve estivesse pronto para dizer aquilo que estava pronto para dizer e não o que esperava que Ela quisesse ouvir.
Cuidadosamente, a Top deu de beber à aleph sem mudar sua posição no pelourinho.
- Daqui meia hora, aleph... Daqui meia hora. - marcou o próximo momento, retirando-se.
A meia hora de silêncio e pouca luz serviram de uma tortura inimaginável. Onde residia , de verdade, a capacidade de sentir dor e fazê-la instrumento de gozo? Na tortura imposta pelo dominante ou na disponibilidade do dominado em fazer acontecer o verdadeiro prazer comum, orgiástico, incrivelmente libertador? Quem libertava-se e porque o fazia?
Como em um caldeirão lhe sucediam as questões que desdobravam-se em várias e dirigiam-se a um ponto comum, a vitória da vontade superior, de quem se colocava por direito no papel de exigir e na pouca atribuição que a vontade do submisso poderia ao menos ser pensada pelo dominante.
A Senhora o domina, sem dúvida e aí extrai seu prazer cujo efetivo gozo extrapola a imaginação dos pobres mortais que a vivenciam como a iniciante Domme. O poder não está apenas em mandar, o que qualquer um ligeiramente preparado conseguiria dar conta mas está no fato de subjugar o corpo e a mente de quem se coloca de joelhos.
De nada valerá palavras gritadas e posturas excessivamente ríspidas já que a doçura que reprime é maior do que o grito que comanda. Esse último estimula a rebeldia , mesmo a que se esconde e se deixa velada sob palavras e gestos vazios de uma vazia submissão.
Ao vassalo não resta nada senão prestar homenagens ao que é maior do que ele por ser efetivamente maior em tudo , necessidade que se impõe por não restar quaisquer outras possibilidades viáveis e tal é o tomar para si.
Essa elaboração custou-lhe mais meia hora e , ao fim dessa, entraram na câmara e pode sentir, observador que era que Domme tomara o lugar da Senhora na sessão de açoitamento, essa vezes 30 vezes e aleph conseguia perceber um incremento de habilidade na manipulação desse valoroso instrumento, o açoite.
- A Senhora pergunta se há algo a falar...
- Não digna Domme, ainda não - disse, expressão de dor presa entre os dentes.
Domme afastou-se e aleph voltou aos seus pensamentos e , finalmente, chega a conclusão de que sua vontade de pouco lhe valia em qualquer aspecto da "relação" com a Senhora.
A vida o fizera sub e deveria servir e para tal, confiante que a Senhora sabia de seus limites físicos, morais e psicológicos, deveria entregar absoluta posse de sua vida, cumprindo fielmente aquilo disposto pela sua Senhora.
Vontade? O que siginficava vontade se alguém maior em vontade e em poder não apenas exigia mas como tinha totais condições de dirigir aquilo que era depositado em suas mãos, ou seja, sua própria vida?
Seria isso tão contrário ao que sempre vivera que, por alguns momentos, temeu a amplitude de tudo o que isso pudesse significar para si, em sua vida, mesmo tendo a certeza já pronunciada por sua Dona da preservação de diversos setores de sua vida, entendidas como fundamentais e frequentadas por pessoas cujo entendimento da profundidade do sentimento e da entrega do BDSM não eram sequer entendidas quanto mais aceitas.
Viver o todo envolto em pessoas pela metade, ver a luz entre a escuridão coletiva dos prazeres que corriam a mente e eram meticulosamente reprimidos. Não havia alternativa senão viver desse modo, totalidade por dentro, parcialidade para o mundo.
Afinal, o que importava? Decidir-se pelo viver ou não viver seria tão estúpido como ter consciência de matar parte de si e não fazer coisa alguma para evitar. Portanto, nessa hora e meia que permanecera atado no pelourinho entendera, finalmente, que a vontade era algo que não lhe pertencia exceto pela razão que a voluntariedade era condição fundamental para que houvesse a entrega.
Esperou que a Senhora voltasse e lhe aplicasse a pena, na verdade a forma pela qual lhe fora estimulada não pela dor mas pelo exercício do poder.
- Tem alguma coisa a me dizer, aleph?
- Sim, Dona, tenho.
A Senhora impressionou-se com a resposta. Chamou a Domme e desataram aleph do pelourinho.
- Então chegou a hora do passo seguinte, aleph. Venha comigo.

(Fim da parte 13)

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2 comentários:

  1. ja sabe q agora tenha minha passagem prefeidaaaaaa em td o conto, ne???
    Amei!!!
    bjus

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  2. Fico feliz, muito feliz Sra. em ler isso... espero ainda oferecer mais e melhor no Seu conto...

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