Existem coisas que ao longo da minha não tão longa experiência no BDSM, sempre me fizeram pensar. Uma delas é a questão da inexperiência, principalmente quando se refere à submissas(os).
Inexperiência já foi argumento que diversos e diversas colegas para declinarem do encoleiramento de vários submissos, sob o argumento que há uma “indefinição do que se quer e se realmente deseja-se a submissão nos moldes que preceituo”.
Isso faz sentido? Evidentemente que faz todo o sentido do mundo e cada um sabe muito bem onde lhe aperta o calo. No entanto, há um outro significado para a inexperiência, algo que possa ser um elemento mais positivo do que negativo a pesar na balança.
Desconhecer algo , seja o que for, é uma oportunidade para que um aprenda e outro tenha a oportunidade de ensinare , em processo cíclico, reaprender uma nova forma de se fazer o que nos dá tanto prazer.
Eu sou um dos que acredita que existam tantos “BDSM” quanto existam praticantes. Mesmo tendo a liturgia como norteador, fica praticamente impossível não adaptar princípios, criar novas formas de se fazer algo, amoldar o fazer à forma que ambos concebem e praticam o BDSM. Tenho muita dificuldade em pensar em um “meio” e uma prática (mais essa do que o meio) estanque e imutável, “receitinha de bolo” sem qualquer sabeor especial e particular.
Nesse sentido, há uma grande possibilidade para os Doms e Dommes amoldarem seus “bottoms” da forma que desejam e, num segundo momento, ambos avançarem do geral, global, para o específico , particular de ambos.
Pode-se , portanto, pensar na inexperiência do submisso como ter em mãos uma argila que se molda no nosso conceito e que aponta, no futuro, à um BDSM à quatro mãos. Agora, quais os requisitos para que um Dominador/Domme, tome em suas mãos tão agradável tarefa? Responsabilidade.
Em tempos que se atiram crianças pelas janelas, aceitar e tomar em mãos a submissão concedida por um “Bottom” é algo que nos deve revestir de um senso de responsabilidade imenso. Ninguém deve dizer desconhecer a complexidade dos riscos envolvidos, ou melhor, da capacidade que temos em deixar marcas indeléveis na pessoa abusada e cuja submissão, sua melhor dádiva, foi mal usada.
Se conseguimos ter a percepção dessa responsabilidade, o papel de condutores, professores, enfim o que for, pode-nos ser mais uma fonte de prazer e satisfação tanto para os Tops como para os Bottoms.
Para os bottoms porque sentem que o fato de serem escravos não lhes tira a dignidade no servir, o respeito por suas mentes e corpos, por mais diversas que sejam as práticas; aos Tops, além da satisfação do serviço prestado por seus Bottoms serem os mais perefeitos possíveis, logo percebe que no afã de propiciar o melhor para o treinamento de seus submissos, eles também cresceram e aperfeiçoaram sua prática e sua condição de Tops.
Portanto, um sub inexperiente não é necessariamente aquele que não sabe servir, até porque o servir, ao meu ver, deriva de entregas mais profundas e significativas que estão escritas naquilo que são, pensam e sentem mas são servos e servas que almejam a condução de seus Donos e Dommes e , através dessa segurança, melhor servirem.
Como já dissemos, essa interação que se faz durante o educar reforça os laços de confiança, certeza de que o Top coloca seus subs em destaque dentro de suas preocupações, algo imprescindível para a boa convivência.
Resumindo esse breve texto, diria que treinar um Bottom inexperiente é um momento singular na vida de um Dominador ou Domme. Algo que é altamente recompensador e prazeiroso.
Saudações à todos
Catlin.
ResponderExcluirInfelizmente me equivoquei nos botões e apaguei seus comentários. Reproduzo aqui e apresento minhas desculpas
O BDSM está cheio de pessoas novas, que estão aprendendo, descobrindo...e infelizmente alguns passando tempo.
Uma coisa que fiz muito no começo e que valeu a pena, li demais, me informei do assunto, conheci pessoas sérias que me ajudaram a separar os curiosos dos verdadeiros Dominadores.
beijos doces, boa semana
Obrigado pela presença Catlin!