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domingo, 28 de junho de 2009

Fetichismo - Nancy Friday (Parte 1)

Tenho feito minhas leituras acerca de aspectos que envolvem o mundo BDSM. Até que involuntariamente, acabei pegando o livro “Men in Love” , de Nancy Friday, na Biblioteca aqui de minha cidade. Considerei a abordagem extremamente interessante que pode ser o “pontapé inicial” de um belo debate entre os leitores.

Como o artigo é extenso, divido-o em partes. Boa Leitura.

Fetichismo (Nancy Friday, “Men In Love” , p. 177-193 – Tradução Janus SW)

“Mesmo que muito do meu pensamento atual deve-se creditar à Freud, algo em mim resiste ao seu determinismo de ferro. A criança é o pai do homem, sim – mas ondo os msitérios do temperamento, personalidade, e gênio individual entram? E sobre a aleatoriedade e a herança genética? Durante o segundo rascunho desse livro, eu perguntei à digitadora o que ela pensava sobre o material. Ela disse estar “chocada ao ver o quanto do que fazemos e sentimos pode ser ligado à infância”.
Compreendi o que dizia. Não é todo ser humano algo mais do que um trem de brinquedo rodando em trilhos colocados na infância? Baseei minha vida vangloriando-me de ter “feito a mim mesma”. Em retrospecto, minha recusa em dar aos ensinamentos de Freud algum crédito era a evidência da determinação em ignorar, esquece, reprimir – escolha a palavra que quiser – meus primeiros anos e as inevitáveis humilhações e traumas. Os livros que tenho escrito são uma educação dolorosa mas escolhi escrevê-los e sobre assuntos cuja gênese remeta aos primeiros anos. Algo em mim quis entender as facetas do quebra-cabeças de meu próprio comprotamento, padrões da minha viada que nenhum acúmulo através da racionalização da minha idade adulta poderia explicar.
Especialmente sobre sexualidade, resistimos à noção que nossos medos e desejos são condicionados por eventos de desenvolvimento que ocorrem muito antes de ao menos pensarmos sobre nossos amantes atuais.As teorias de Freud sobre sexualidade infaltim foram um escândalo em Viena. Mesmo a classe médica virou-lhe as costas. Hoje, não gostamos de pensar nas crianças sentindo algo na área com talco localizada entre as pernas delas.

Quem quer render-se à lisonja implícita na noção que nossos caráteres foram esculpidos por nós mesmos em uma vida de granito? Esse é o caminho auto-administrado de volta ao bem-estar superficial: o preço é alto. Se tudo que nós fazemos é um ato de vontade consciente, porque tantos relacionamentos infelizes por razões que não sabemos nominar? Com explicamos as ansiedade sexuais e as culpas, padrões de erro que se repetem sempre e sempre do mesmo jeito? É o azar que é nosso inimigo – ou a falha é nossa?
Apesar de todo o meu desejo de acreditar na escolha espontânea feita pelas pessoas, e na espontainedade, e na eficácia de remediar a vida por si só – apenas os “insights” penetrantes da teoria psicanalítica são de alguma ajuda para desvendar os mistérios do fetichismo.

Roy

Sou podólatra. Eu amo pés descalos, sapatos, botas de salto alto e qualquer coisa pertinente aos pés femininos. A estória começa dessa forma: tanto quanto me lembre, minha mãe, uma bela mulher no início dos seus quarenta anos, dava-me “cavalgadas” em seus pés. Naquela idade ela não me afetava sexualmente, mas sempre sentia-me bem.
Aos treze ou quatorze anos, ela ainda me permitia a tal “cavalgada” mas tenho para mim que ela percebeu que eu não estava apenas brincando. Eu estava gozando no meu pijama. A razão, que agora sei, é de que quando a “cavalgada” terminava, ela me esfregava com ambos os pés, usualmente com seus belos sapatos pontudos de salto alto, esfregando seus pés no meu pênis e bolas me proporcionando mais prazer, então cama.
É desnecessário dizer que minha fantasia é ter quatro garotas ou mulheres no meu quarto, despindo-me e rolando no chão enquanto elas me chutam em todos os lugares vuneráveis até que elas me façam gozar tantas vezes quanto podia. Parece bizzaro? É verdade.

KIP

Tanto quanto me lembre, estive envolvido sempre com masturbação e fantasias. Lembro-me vestindo fraldas e calças plásticas e estou certo de estar deitado de “umbigo para baixo” e me masturbando contra o revestimento da fralda . Eu apreciava a atenção da minha mãe quando ela me segurava para fazer “weewee”. Lembro-me disso e do quanto era prazeroso. Lembro de levar uma fralda para a cama porque eu sugava a sua borda para dormir. A razão secreta , todavia, era que tão logo ficava sozinho, eu poderia deitar sob meu umbigo e com a fralda entre as pernas, sobre meu pênis.
De volta à infância: devo explicar que minha mãe tinha um guarda-roupa de vestimentas muito femininas mas também um grande número de aventais de borracha. Ela vestia os aventais em todos os trabalhos que envolvessem água e para cuidar de mim. Eu prestava muita atenção neles e lembro-os como especiais. Isso devido a conexão dos cuidados de minha mãe e do “weewee” quando minha mãe fazia ambos vestindo os aventais de borracha, quando fazia minha higiêne , limpando meu pênis, puxando a pele e limpando embaixo das gônadas e puxando a pele para que não houvesse a necessidade de circuncisão. Sempre ficava ereto durante essa performance e eu estou certo que ela apreciava virtualmente me masturbar, apesar que sua consciência pudesse causar alguns problemas à ela, e não me permitiram esfregar minhas pernas porque era indecoroso. Quando perguntei o porquê, deram-me a resposta que lembro-me apenas ter a ver com meninas e senhoras mas não entendi.
Apaixonei-me aos cinco, quando fui à educação infantil, com uma pequena e bela garota que eu admirava à distância e , quando perguntei para minha mãe se as garotinhas tem suas peles puxadas e ela explicou que garotas e mulheres adultas não tem um pênis – apenas um buraco. Fiquei profundamente chocado.
Meu pai flagrou me masturbando na cama e, preocupado, deu-me uma longa explicação sobre ela ser ruim para mim. Ele disse que poderia ferir-me e não era para rapazers pequenos fazer aquilo. Eu o entendi mal e pensei que apenas as menininhas faziam aquilo, o que me fez querer masturbar-me ainda mais.
Nesse mesmo tempo eu tive meu primeiro “orgasmo seco”. Eu concluí que as garotas e senhoras sentiam-se bem dessa forma todo o tempo e poderiam alcançar o sétimo céu do deleite, que acontecia quando elas vestiam aventais de borracha. Mas se eu continuasse a fazer essa coisa , que me fazia sentir ser tão bem, e era reservado para as garotas eu poderia ser mandado para o hospital onde uma enfermeira bonita, vestindo um vestido e avental de borracha, poderia me forçar a me masturbar e ter um orgasmo extremo (eu não poderia por aquilo em palavras). Então meu pênis desapareceria e eu me transformaria em uma garota. Eu temia e ao mesmo tempo desejava isso.

Essa fantasia me fez masturbar por anos, depois de vestir o avental de borracha de minha mãe ao mesmo tempo. Ela não parecia notar se eu o surrupiava de seu armário.

Em raras ocasiões , eu acidentalmente molhava a cama. Isso irritava muito minha mãe. Ela começava pela operação de limpeza e troca, depois eu era lavado e colocado em seu colo, sobre o avental de borracha para o spanking. Meu pênis em contato com o avental frio e úmido era maravilhoso; as palmadas tendiam a fazer que meu pênis se esfregasse contra o avental também.

Os aventais de borracha sumiram durante a guerra e eu me masturbava com uma bolsa de água quente de borracha cheia de água fria e com o gargalo dobrado para fazer cócegas entre o escroto e o ânus.

Eu conheci minha esposa quando tinha vinte e um anos e ela dezessete. Éramos ambos tímidos. Necessitei de muito esforço para encontrar a coragem para declarar-me à ela, ainda em poucos meses, nós estávamos masturbando um ao outro em qualquer oportunidade, e ela foi a primeira, última e única. Tenho a satisfação de dizer que aos quarenta e sete ela continua a ter o rosto e a figura que causa inveja a garotas com metade da idade dela.

Minha esposa nunca aderiu à idéia da borracha, apesar de que ela aceitou com suficiente boa vontade no começo – quando eu trouxe o seu primeiro avental de borracha. Tentei muito dar uma atenção especial quando ela o vestia para mim mas lentamente um ciúme dele desenvolvia-se; recentemente, tive algum sucesso em premiar com sexo oral e curti fazê-lo para ela sob a borda inferior do avental. A borracha e seus sucos tinha uma certa afinidade e similaridade (instintivamente eu tinha conhecimento disso enquanto criança).

As fantasias com borracha continuam comigo e quando minha esposa me masturbava eu fantasiava que garotas nuas vestindo aventais estavam fazendo isso ou que ela estava vestindo um fantástico vestido de noite de borracha ou que eu estava assistindo o Miss Universo em borracha e vendo garotas com aventais de borracha se masturbando e masturbando as outras.

Em outra fantasia, eu era solicitado a visitar uma casa em qualquer lugar e eu , surpreendentemente, era recebido por uma bela mulher vestindo um vestido de noite de borracha. Ela tornava claro que iria me seduzir.

Eu era muito viril e alcançava múltiplos orgasmos secos quando criança. Eu usava fantasias como essas quando eu tinha sexo com minha esposa, e isso tinha o efeito de realmente fazer-me durar mais e ficar no limite por mais tempo. Mesmo depois do gozo, eu podia permanecer semi-duro e continuar na carícia por um pouco mais.

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Como alguém poderia decidir fazer de um sapato ou uma fralda como a razão e a finalidade de sua sexualidade durante toda a sua vida? De onde esse gosto vem? Quando as quatro mulheres entram na fantasia de Roy (acima) nós vemos o porque de ele querer vesti-las de sapatos “sexy” e meias como uma forma de explicitação do seu imaginário – mas porque ele chega ao orgasmo não pelo contato com a vagina delas mas com seus pés? Qual é a força do fetiche?

Existem duas escolas de pensamento na área de psiquiatria nessa matéria. Devo alertar os leitores que ambas parecem bizarras e como alguma delas poderá explicar, com simplicidade, tal matéria?

A teoria clássica do fetiche centra sua explicação em torno do complexo de Édipo. Para Freud, a determinação mais importante do comportamento masculino é o grau no qual o rapaz é bem sucedido em superar os problemas dada a rivalidade com o pai que, sendo maior e mais forte, punirá seu jovem rival através da castração. Nessa forma de pensar, o objeto de fetiche, de alguma forma, está ligado, na parte inconsciente da mente da criança, com seu próprio pênis.

Podemos ver esse processo em ação com Kip (acima). As suas primeiras lembranças são a de que ele se masturbou “vestindo fraldas e calças plásticas”. Essas idéias são imediatamente ligadas à atenção da mãe “quando ela me segurava para fazer o “weewee”” e quando ela manuseava seu pênis. Ela “puxava a pele e lavava embaixo da glande”. Ele podia ter ereção durante essas atividades. De noite ele levava uma fralda para a cama para masturbar-se.

A conexão entre pênis, fraldas, calças de borracha e sexualidade e o envolvimento da mãe não poderia ser mais claro.

Nesse caso de pensamento associativo, a visão do fetiche faz que imediatamente se pense no pênis. Aqui reside a fuga mágica do medo que papai consumará a punição ao rapaz que desejava a mamãe. O fetiche é o pênis; quando o rapaz o vê, quando ele o toca, seu inconsciente alivia-se. Ele não perdeu seu pênis – aqui está ele! O enorme alívio da ansiedade evidencia-se através de um aumento da energia sexual. Confirmando que esse tipo de atividade está ligada com o prazer de manter o pênis do que de ter “ganho” a mulher é costumeiramente observado no fato de que o fetiche em si que atrai a atenção do homem. A vagina está lá, mas tem um glamour secundário.

(Continua)

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