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domingo, 28 de junho de 2009

Nós REALMENTE amamos o BDSM - Janus SW

Dizem que recordar é viver e por isso lembra-se de alguém ou de algo. Sabem que às vezes lembar-se traz uma incrível dose de dor junto com a nostalgia? E é interessante notar que não apenas sofre-se por aquilo que foi perdido com relação à pessoas, lugares e momentos da vida, principalmente quando isso possa significar uma perda difinitiva de alguém.
Na minha visão, a pior perda que se pode ter em qualquer setor de atividade ou mesmo da vida, é a perda da inocência. Quer um exemplo: se você é uma pessoa de alguma estrada no BDSM, consegue lembrar-se do que pensou nas primeiras ou na primeira vez que ouviu falar no meio? Tenho certeza que além da excitação, uma frase do tipo, "nossa encontrei uma expressão sexual que diz respeito a mim desde que eu me lembro por gente sexualizada" ou algo que o valha.
Pois é! Estava resgatando um dos primeiros e-mails que escrevi sobre o BDSM a uma querida amiga e não sabia se ria ou se chorava o ler que estava escrito que eu considerava o BDSM "uma forma superior de expressão sexual" e discorria enfaticamente sobro o porquê de querer cada vez mais me expressar sexualmente nessa corrente.
Era uma postura inocente,sem a menor dúvida. Não podemos esquecer que como em qualquer atividade, o BDSM é composto de pessoas com histórias individuais, coletivas, familiares totalmente díspares, muitas vezes conflituosas que por motivos outros que imaginam nossa vã filosofia, resolvem-se arranajar como switcheres, Dom/Dommes, subs homens e mulheres ou todas as combinações maravilhosas possíveis.
No entanto, surge uma questão: como lidar com "o lado escuro da força"? Com encarar a nossa relação com o outro, independentemente em qual posições ocupemos? Como deixar de estar emocional e afetivamente envolvidos (apaixonados????) para ver no outro um ser humano comum, suscetível a erros mesmo que os idolatremos e nos coloquemos em dedicada reverência? Como ousar , principalmente no caso dos subs, dizer não aos nosso Donos(as), Mestres(as), Senhor(as) quando o nosso intelecto e a nossa emoção indica um risco que coloca nossas vidas em questão?
Como acreditar, piamente, que alguém com um chicote, corda, lâmina , o que quer que seja, jamais nos ameaçará a segurança, será um SSC, RACK, SSS competente a ponto de não deixar-se levar pela excitação do momento, pelas condições particulares de uma sessão ou de um momento específico de suas vidas onde o descontrole seja possível e que não cair nele é questão de "bom senso" seja o que o bom senso venha a ser?
Como sentir-se confortável em um meio leniente com quem causa um sofrimento definitivo nos corpos e mentes de seus bottoms a ponto de , em tese, não mais suportarem essas dores e tomarem decisões radicais? Porque calar quando, claramente, estão em risco as vidas de nossos amigos e amigas e meio e amanhã,sabe-se lá, podemos fazer parte, como algozes ou como vítimas de tal rol?
Algumas dessas questões fariam qualquer pessoa recuar, desistir e sair do meio. Ficamos porque realmente gostamos do BDSM e nos revestimos de uma crença absoluta que nada vai nos acontecer, uma atitude até certo ponto temerária, às margens da insanidade. Ficamos porquê temos (ou deveríamos) ter clareza de quem são nosso parceiros, submissos(as) e Dominantes, de que podemos confiar que eles zelarão por nós com o mesmo carinho, dedicação e respeito que servimos à eles.
Quem leu e lê meus artigos escritos na fase JB sabe muito bem que sou um ardente defensor da entrega da coleira e advogo esse método como o mais eficaz, senão único, do submisso fazer-se entender em suas necessidades não atendidas, nas privações que passa e no sofrimento mental e físico que vai além do suportável e torna-se ameaçador da própria existência.
Também sabem que eu repilo esse tal de "bom senso" e advogo, com firmeza, um contato honesto, claro e aberto mas sempre respeitoso e consciente de suas posições, entre Tops e bottoms, até porque mandar (e bem mandar) , ter poder, não é apenas ter um título, um chicote nas mãos e uma boa dose da arrogância mas, repito-me, é ser ligitimado por quem ajoelha-se, entrega-se, esmera-se em ser o (a) melhor dos(as) submissos(as).
Uma amiga querida, submissa, dizia que não conseguia ser rigorosamente litúrgica por não entender como uma bottom não possa olhar seu Top nos olhos. Sinceramente, penso que os Tops que não olham seus bottoms nos olhos são um risco e perdem o melhor de tudo, um olhar entregue em devotada submissão, capaz de fazer mover rios e montes para atender aos desígnios de seu(sua) Dono(a) e Senhor(a), olhar submisso que é a grande riqueza e a grande força de quem se oferta em serviço inquestionável e ilimitado à quem serve.
Nós decididamente amamos o BDSM! Amamos a ponto de esquecermos de nós mesmos mas, peço-lhes encarecidamente que não façam esse sacrilégio de colocarem-se em ultimíssimo lugar.
Os Tops, que não se esqueçam que em suas mãos fortes e que seguem na trilha do aprendizado e da habilidade que se adquire, estão depositadas vidas, emocional e fisicamente carentes de condução forte mas sensível às necessidades deles e delas; aos bottoms que tambéem não se esqueçam que apesar de serem "peças, coisas, meninos e meninas" são pessoas inteiras que demandam, minimamente, o respeito de seus Tops, sem restrições e esperam que, os pessoas que devotadamente servem, sejam dignas de olhá-las com o mesmo olhar carinhoso que dedicam à eles , em outra perspectiva, obviamente, e que orgulhem-se e zelem por quem possuem.
Antoine de Saint-Exupery, o fantástico escritor francês, lavrou uma pérola que tornou-se até um lugar comum mas que é pouquíssimo pensada enquanto uma tremente carga de responsabilidade: "És eternamente responsável pelo que cativas". Espírito de Polyanna? Não acredito! Para mim, é uma essência que espalha gosto e perfume em qualquer que seja a relação.
Apesar de tudo , dá prazer afirmar: Nós, realmente, amamos o BDSM!!!
Saudações!!

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