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quinta-feira, 18 de junho de 2009

Que mal há na inexperiência? (Janus SW)

Existem coisas que ao longo da minha não tão longa experiência no BDSM, sempre me fizeram pensar. Uma delas é a questão da inexperiência, principalmente quando se refere à submissas(os).
Inexperiência já foi argumento que diversos e diversas colegas para declinarem do encoleiramento de vários submissos, sob o argumento que há uma “indefinição do que se quer e se realmente deseja-se a submissão nos moldes que preceituo”.

Isso faz sentido? Evidentemente que faz todo o sentido do mundo e cada um sabe muito bem onde lhe aperta o calo. No entanto, há um outro significado para a inexperiência, algo que possa ser um elemento mais positivo do que negativo a pesar na balança.
Desconhecer algo , seja o que for, é uma oportunidade para que um aprenda e outro tenha a oportunidade de ensinare , em processo cíclico, reaprender uma nova forma de se fazer o que nos dá tanto prazer.
Eu sou um dos que acredita que existam tantos “BDSM” quanto existam praticantes. Mesmo tendo a liturgia como norteador, fica praticamente impossível não adaptar princípios, criar novas formas de se fazer algo, amoldar o fazer à forma que ambos concebem e praticam o BDSM. Tenho muita dificuldade em pensar em um “meio” e uma prática (mais essa do que o meio) estanque e imutável, “receitinha de bolo” sem qualquer sabeor especial e particular.
Nesse sentido, há uma grande possibilidade para os Doms e Dommes amoldarem seus “bottoms” da forma que desejam e, num segundo momento, ambos avançarem do geral, global, para o específico , particular de ambos.
Pode-se , portanto, pensar na inexperiência do submisso como ter em mãos uma argila que se molda no nosso conceito e que aponta, no futuro, à um BDSM à quatro mãos. Agora, quais os requisitos para que um Dominador/Domme, tome em suas mãos tão agradável tarefa? Responsabilidade.
Em tempos que se atiram crianças pelas janelas, aceitar e tomar em mãos a submissão concedida por um “Bottom” é algo que nos deve revestir de um senso de responsabilidade imenso. Ninguém deve dizer desconhecer a complexidade dos riscos envolvidos, ou melhor, da capacidade que temos em deixar marcas indeléveis na pessoa abusada e cuja submissão, sua melhor dádiva, foi mal usada.
Se conseguimos ter a percepção dessa responsabilidade, o papel de condutores, professores, enfim o que for, pode-nos ser mais uma fonte de prazer e satisfação tanto para os Tops como para os Bottoms.
Para os bottoms porque sentem que o fato de serem escravos não lhes tira a dignidade no servir, o respeito por suas mentes e corpos, por mais diversas que sejam as práticas; aos Tops, além da satisfação do serviço prestado por seus Bottoms serem os mais perefeitos possíveis, logo percebe que no afã de propiciar o melhor para o treinamento de seus submissos, eles também cresceram e aperfeiçoaram sua prática e sua condição de Tops.
Portanto, um sub inexperiente não é necessariamente aquele que não sabe servir, até porque o servir, ao meu ver, deriva de entregas mais profundas e significativas que estão escritas naquilo que são, pensam e sentem mas são servos e servas que almejam a condução de seus Donos e Dommes e , através dessa segurança, melhor servirem.
Como já dissemos, essa interação que se faz durante o educar reforça os laços de confiança, certeza de que o Top coloca seus subs em destaque dentro de suas preocupações, algo imprescindível para a boa convivência.
Resumindo esse breve texto, diria que treinar um Bottom inexperiente é um momento singular na vida de um Dominador ou Domme. Algo que é altamente recompensador e prazeiroso.

Saudações à todos

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2 comentários:

  1. Excelente Janus, concordo plenamente contigo, não fosse assim, como poderíamos Eu, você ou qualquer outro ingressar no Mundo BDSM? Não nascemos sabendo, mas existe uma coisa que nos separa dos demais baunilhas, é que não conseguimos nos contentar com o comum, com o ordinário. Queremos sempre mais e aí começa o aprendizado. Não acredito que o Top ou o bottom nasce feito, mas acredito na evolução diária, no estudo e nas boas práticas.

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  2. Caro Lestat...

    Grato pelo comentário. De fato, somos aprendizes eternos dessa imensa arte chamada BDSM.
    Saudações, caríssimo!

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