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domingo, 25 de outubro de 2009

A educação os sentidos - Parte 12 - The Education of the senses - Part 12

"- Estás contente - pergunta Eduardo - por ele querer escrever, trabalhar, por ele estar exaltado em vez de destruído?
- Estou.
- O verdadeiro teste virá quando começares a querer usar o teu poder sobre os homens destrutivamente e com crueldade.
Chegará esse dia?"
(Anaïs Nin, Henry & June, Editorial Presença, página 71)


O contato se fez da ponta dos pés, logo abaixo os dedos, até o calcanhar. Metal, chapas de refrigerante, bordas dentadas, marcas de intensidade variável dependentemente da pele em cada região. Suspiros e um pequeno gemido que deveria se fazer imperceptível para quem não deixa passar detalhe.
- Caminhe , querido aleph... - Caminhe para sua Senhora! Caminhe... Venha para mim, aleph...
Cada passo representava uma dor que apenas era amplificada pela aceleração do passo exigido pela Dominadora. Nesse contexto, tornava-se inacreditável saber que a Senhora não pretendia utilizar aquele instrumento que considerava excessivo, principalmente no caso de aleph. Vira esse apetrecho em um documentário sobre BDSM e decidira construir um apenas para ver como ficaria e logo aprendeu que nada é ao acaso e , uma vez disponível, fatalmente seria utilizado.
- aleph, aleph... Acha que sua dor permanece desapercebida de sua Senhora? Que pretensão... Gema, aleph, gema...
- Não , Senhora, desculpe-me! Eu suporto essa dor que Me impõe e eu a mereço, cada porção dela, ilimitadamente.
- Porque merece, aleph?
- Porque essa é Sua vontade e sempre será a Sua vontade que prevalecerá.
- Minha vontade, aleph? O que sabe você sobre minha vontade? Eu o contemplo com seus desejos e você me diz que isso é da minha vontade? Aprenda, Domme, todos os submissos tentarão iludi-La que estão cumprindo a Sua vontade mas na verdade impõe as suas. Pretensão, a maior de todas!
O último passo o colocou de frente à Senhora.Foi mandado descer das sandálias e mostrar as solas dos pés. As marcas nas solas dos pés são visíveis e sangrantes e para "aliviar" foi mandado colocar os pés em uma solução de água com sal bastante carregado e pela primeira vez expressou profunda dor.
- Era isso que queria sentir, aleph? - falou com mais ênfase a Senhora.
aleph por sua vez, calava. Se de fato houvera dito o que a Senhora alegava que ele dissera, sim, era exatamente aquilo que queria mas se não, qual seria a próxima armadilha na qual ele inevitavelmente cairia?
- Responda aleph, eu lhe fiz uma pergunta!
- Sim... Senhora... - era exatamente isso o que eu disse.
Ela simplesmente caminhou para o fundo da sala , fora do alcance do olhar do submisso. Ordenou-lhe ficar de joelhos, cabeça baixa, à mercê dela. Tomou o açoite e marcou-lhe as costas, mandou que ficasse em pé e seguiu açoitando-o até que uma vermelhidão que aquecia a pele ao contato se fizesse presente.
Domme acompanhava tudo com os olhos sem entender tão bem o quanto seria possível tudo o que estava acontecendo. Não sabia pensar se aquilo era enfim a punição que aleph merecia, se é que o merecia, ou apenas mais uma sessão que começara a pouco.
- Gostaria de amarrá-lo, querida Domme? No pelourinho, com as costas voltadas para mim.
- Como quiser, Senhora. Grata pela oportunidade.
Havia um pelourinho na Sala de Suplícios, copiado de uma gravura do tempo da escravidão, uma peça construída sobre medida e com destreza Domme prendeu aleph e o colocou a disposição da Senhora.
Um chicote de três línguas, um metro e meio de extensão, com golpes planejados nas áreas aquecidas. O deslizar das línguas deveriam ser sentidas não apenas com uma extensão aleatória mas com a destreza inigualável da Senhora.
- Esse é o segredo, Domme querida... Deixe com que as linguetas deslizem sobre as costas como se cada uma tivesse uma vida única, jogue os pulsos, amplifique a força aos poucos mas não seguidamente.
- Como assim, Senhora?
- A dor espalha-se como uma onda gerada pela pedra no lago, caríssima. Se você bater seguidamente, a dor não se irradia e sua peça não sente como deve, não tem ciência de toda extensão de seu poder. Esse cãozinho, não satisfeito, ainda quer mais dor, cara Domme e eu juro que ele terá!
Notava-se que por traz daquele discurso havia algo oculto , ao menos para a Domme mas claro no sentido de que não cabia a aleph desejar. E o que é dor? Uma sensação física que desaparece em poucos dias e carece de ser renovada constantemente? Ou a dor de um olhar e de palavras que reverberam eternamente pela mente do infrator como aleph teve a oportunidade de experimentar na prisão de sua própria mente? Ou ambos?
A Senhora agora toma um açoite cujo uso era restritíssimo, feito de fios de aço finos e em quantidade. Apenas áreas muito específicas deveriam ser batidas com esse acessório tão digno dos grandes espancadores como era a Senhora.
- Poderia vendá-lo, Domme?
Domme vendou-o e a Senhora começou o ritual de passar os fios de aço sobre as costas, peito, pescoço de aleph, obviamente não para açoitá-lo ali o que poderia causar dano irreversível mas para fazê-lo sentir a textura e a temperatura do material.
Acostumado com os couros, aleph sentiu-se arrepiar quando a temperatura e a textura não correspondiam ao que conhecia. Sutilmente moveu-se como a testar a forma que estava preso mas não havia como escapar.
A primeira e única batida do açoite provocou um grito que ainda não era conhecido de Domme, assim como um sangramento onde os fios atingiram a pele bela e acetinada de aleph. O submisso começou a chorar de dor e foi imediatamente acomodado pela sua Senhora que o acariciou, confortando-o.
- Ainda deseja dor, aleph? Ou deixará que sua Senhora escreva no seu corpo as marcas que julga necessárias e adequadas para você?
aleph soluçava ante a dor sofrida e entendia, ainda sobre o efeito da dor lascinante, que a si não cabia qualquer direito em querer nada mas depositar, fielmente, sua vida nas mãos da Senhora, essa mesma que tratava de suas feridas, aplicava unguento para aliviá-las e considerava sua peça parte de si mesma, integralidade no domínio e na necessária subordinação.
- aleph...
- Sim, minha Senhora.
- Entenda que primeiramente puniu a si mesmo de forma desnecessária já que não foi deixado só por conta do que aconteceu mas para aprender a entender o vazio. Em seguida, desejou a dor e agora a tem em sua dimensão mais completa e ficará atado ao pelourinho até que eu decida tirá-lo, novamente em solidão para que pense bem em seu pouco ou nenhum direito em desejar. Será cuidado desse ferimento mas será açoitado a cada meia hora durante o tempo que estiver aqui, seja por mim, seja por Domme. Entendido?
- Sim, minha Senhora.
- E pense, reflita porque dessa reflexão poderá decorrer muitas coisas, algumas que se não são desejadas, serão inevitáveis frente aos fatos.
aleph não respondeu e a Senhora sabia que ele havia entendido. Tanto ela como a Domme saem dos aposentos e deixam o submisso sozinho, atado entregue aos seus próprios pensamentos. O que decorreria daqueles momentos? Para sabermos, devemos deixá-los passar.

(Fim da parte 12)
(Dedicado à Domme Andrasta)

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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

6 comentários:

  1. Adorável seu blog! Já linkei e virei sempre!

    bjos e obigada pela visita.

    Anita{G}

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  2. Prezada Anita...

    quero agradecer o seu comentário e fico feliz com sua presença!
    Saudações ao seu Senhor!

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  3. Hello, i have a spanking blog. I wonder if you like exchange links betwen our blogs. Let me know what you think.

    Best Regards

    Enzo

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  4. Hi, Enzo

    Thanks for stopping by. I think its a good idea to exchange links.
    I'll link your blog rigth away!

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  5. saber os pensamentos de um submisso eh sempre mt bom.. ainda mais qdo tao bem explicitados como vc faz...
    mil bjs

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  6. Fico feliz que goste da forma que escrevo Sua série, Sra...
    Beijos respeitosos!

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