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sábado, 4 de julho de 2009

Admirável mundo novo: a virtualidade e realidade nas relações BDSM/Brave new world: the virtual and the "real" Domination/submission in BDSM -Janus SW

Abstract:

With the creation of the so called World Wide Web (Internet) many aspects for our life have changed for good and this can be applied to the relationships and for BDSM as well.
Many questions have arised arguing if a so called "virtual domination/submission" relationship, using the resources of the technology are valid or even can be called as relationships.
The author believes that what really matters is the "tie" that was created among the Top and the bottom and the "sessions" are the physical evidence of this "tie" and can happen in many ways, using the many medium and technologies avaliabe.
The tie is what really matters, legitimating the Dominance and the submission that is granted by the bottom. The brave new world that was created with Internet allows us to reach more people in many other countries all over the world. This is a enormous gain that people can use in their on behalf, with legitimacy and pleasure that are the very bases of our lifestyle.

A grande rede mundial (world wide web) mais conhecida como Internet está irremediavelmente em nosso cotidiano: a necessidade de uma certidão, de um extrato bancário, da leitura das notícias mais atuais e por aí vai.
Se isso , por si, já dá conta de algum nível de relacionamento humano, seja comercial ou legal, é inocente pensar que nos relacionamentos pessoais a Internet não estaria presente. Agora, nesse exato momento, sou lido por pessoas de todo o mundo e em qualquer tempo e lugar, por conta dela; pessoas que não conheço pessoalmente e com as quais troco idéias e opiniões que enriquecem meu dia a dia; a capacidade de assistirr palestras ae conferências de primeira mão e em qualquer parte do planeta Terra, tudo isso é possível com apenas um clique.
A história da humanidade está cheia de marcos que aproximaram as pessoas com uso da tecnologia: Graham Bell e seu telefone, Marconi e seu telégrafo, o primeiro satélite de transmissão de imagem em 1962 e a internet que começou como conceito militar no final dos anos 60 e hoje é uma verdadeira "febre" no mundo todo.
No entanto, muito de nós questionamos: há realmente dominação/submissão "à distância"? Qual a qualidade dessa dominação sem contato corporal? e por aí vão as perguntas, todas pertinentes, à respeito do assunto.
Na minha concepção, ao analisar o assunto, não podemos nos esquecer o que na verdade é a essência de qualquer relacionamento, ou seja, o vínculo. Como já tive oportunidade de escrever em outros momentos, a relação D/s ou SM têm como norteador a questão da vontade legitimada de dominar e a concordância (voluntariedade, concessão) de submeter-se.
Isso significa, prioritariamente, que as relações têm de ser estradas de mão dupla e a voluntariedade baseia-se firmemente sobre a legitimidade, o exercicio da vontade consciente e não coagida, da entrega que se faz de livre e espontânea vontade. Desculpe se repito essa questão mas acredito que há muita confusão em relação à isso, dentro e fora do meio, sendo que ela é o elemento que faz da nova escravidão, uma forma plena de relacionamento e forte em sua essência.
Dizer sobre essa questão da legitimidade implica em um outro elemento ao qual peço a atenção de vocês para que ela não seja mal entendida: a corporeidade, a presença, o chicote, a chibata, as cordas, as velas, o que se utilizar, ao meu ver, representam a materialidade do vínculo acima descrito, sendo "estratégias" de prazer que se possam adotar conforme se queira ou se goste (principalmente esse último), sendo todos eles instrumentos que promovem o prazer através, principalmente, da submissão.
Cada vez entendo mais (e essa é a essência do meu "eu submisso") que a condição básica de servir é encontrar alguém que me absorva enquanto capacidade de ser submisso, fascina, renda o "eu guerreiro" e faça brotar o "eu servidor".
Confesso, caríssimos, que isso não se faz com chibatas, correntes, cordas e pisadas mas reflete-se, fortemente, na estrutura conceitual-emocional-afetiva, uma combinação complexa de atribuição de valor, emoção e afeto, sendo que esses, mesmo embricados , não se confundem.
Em resumo: da essencialidade da emoção, do afeto, da devoção, nasce a submissão legitimada e concedida e é nela que se assenta a espinha dorsal de toda relação erotico-afetiva, notadamente o BDSM.
Por isso sempre advoguei que a relação Top/bottom, por mais hierarquizada que possa e deva ser, não prescinde de uma relação próxima e mutuamente realimentadora da questão da legitimidade e da concessão, do fascínio e da devoção, do acolhimento da submissão e da sua dimensionalidade o que gera o carinho e respeito pelo serviço e pelo serviçal e a quem concede-se a submissão e ao qual se direciona os melhores esforços do bottom.
E aí a questão da proximidade a qual advogo, nos impõe uma outra pergunta: essa proximidade deve ser necessariamente física? Obviamente, a qualquer submisso, ter a ter o seu Dono próximo de si é algo recompensador, dignificante e estimulador .
Quando o Top toma seu bottom pelas mãos e o conduz, há uma aura diferente em ambos os rostos e corpos, antecipa-se o momento da sessão ou da simples presença. No entanto, pergunta-se: e quando isso não é possível? Os afetos não encontram fronteiras, não escolhem nenhum dos fatores que costumam, equivocadamente, limitar a afeição e o carinho.
Se o vínculo se mantém e é continuamente alimentado, como não se falar de uma relação à distância? Se o bottom sente seu Dono(a) enquanto tal e vice-versa o que impede que se estruture um nível interessante de interação? Ao meu ver, nada.
Penso que com o advento dos computadores com recursos multimídia, pode-se estar em diversos lugares e situações continuamente. Porque também não podem permitir, por exemplo, uma sessão, obviamente limitada pela falta de presença física, mas sem deixar de ser um momento de vivência da condição de Top/bottom?
Ao meu ver, digo isso respeitosamente, há uma certa tentativa de privilegiar uma forma (presencial) em detrimento da outra (virtual), considerando apenas a presença física como válida. Ao meu ver, isso é um grave engano já que a centralidade de tudo está no mais profundo vínculo que possa haver entre as pessoas em qualquer posição.
Isso implica em assumir que podem perfeitamente, haver submissões de ocasião e domínio do mesmo caráter sendo que nem esses podem ser classificados como menores , apenas como aqueles que não contemplam a nossa forma de pensar sobre o que vem a ser um relacionamento.
Confesso, por experiência, que algumas práticas que exerci como Top, com submissas distantes via Internet, foram extremamente compensadoras para todos. Fiz fazer sentir minha Dominação e senti, inquestionavelmente, a submissão daquela que executava, com toda a perícia e esmero, tudo o que lhe era solicitado. Não é isso a base de tudo? Seria, à distância, eu menos Top e ela menos bottom? Ao meu ver, não!
O que a Internet nos propiciou foi um aumento da base de contato e do alcance de nossas palavras, posições e abrangência geográfica. Lembro-me (já tenho mais de 40 anos) do famoso "Pen Club", um catálogo que era pedido via correio no qual constava nomes de pessoas desejosas de estabelecer contato com outras em lugares diversos do mundo. Era um catálogo pequeno mas tinha fotos, nomes, idades, objetivos, pequenas descrições. Isso lembra algo não? Que tal um Orkut pré internet? Para mim, era isso mesmo! Correspondi-me com uma garota finlandesa por mais de um ano e era uma ansiedade danada ficar esperando a resposta por correio.
Pela web, são dezenas (não vou dizer centenas por humildade) de pessoas, tanto no meu contexto baunilha como BDSM, com os quais troco mensagens quase instantâneas (ou instantâneas mesmo) e enriqueço meu dia a dia.
Alguns podem dizer, à partir disso, que a web, na verdade e nas palavras do querido e saudoso Cazuza, é um "museu de grandes novidades". Talvez. Eu já prefiro a frase de Huxley e considerar a web um "admirável mundo novo" onde tudo cabe, inclusive as relações e em especial o BDSM.
Abraços e saudações a todos!

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4 comentários:

  1. Perfeito texto...
    há tanto escondido nas entrelinhas deste "mundinho"que simplesmente colocar em palavras como o fez torna-se muito mais facil a compreensao...
    Adorei a objetividade

    saudaçoes

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  2. Cara {Nanda}_FX.

    Agradeço sua visita e comentário.
    Saudações à vc e seu Senhor! Espero-a sempre por aqui!

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  3. Ah! Bendita virtualidade que me ajudou a desabrochar e a vivenciar minha submissão!

    Tolos os que generalizam ou pré conceituam situações e relações.

    Felizes os que conseguem viver plenamente seus prazeres!

    É um maravilhoso texto. Quantos tem os seus ao lado ou aos pés e não chegam à cumplicidade e totalidade de uma verdadeira relação.

    Saudações respeitosas
    {diva_elfa}AL

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  4. {diva_elfa}AL.

    Bem vinda ao blog e agradeço seus comentários.
    Fico feliz que tenha se sentido representada nesse post.
    Saudações respeitosos à você e saudações ao seu Senhor.

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